26/05/2021 - 15:50
BRASÍLIA (Reuters) – A pandemia de coronavírus está afetando as mulheres mais do que os homens na América Latina, e acima de tudo as gestantes, o que ameaça reverter 20 anos de avanços no acesso ao planejamento familiar, alertou a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) nesta quarta-feira.
As mulheres têm mais probabilidade do que os homens de viver na pobreza, realizar trabalho sem remuneração e perder o emprego durante a pandemia, e as grávidas correm mais risco de ter casos graves de Covid-19, disse a filial regional da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Neste momento, muitas mulheres latino-americanas estão enfrentando uma escolha impossível entre receber um salário e proteger a saúde. E para várias delas, os cuidados de saúde continuam fora de alcance”, disse a diretora da Opas, Carissa Etienne, em uma entrevista coletiva.
De acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), até 20 milhões de mulheres das Américas terão transtornos em seu controle de natalidade durante a pandemia, seja porque serviços estão indisponíveis, seja porque não terão mais os meios de pagar métodos contraceptivos.
Os serviços reprodutivos estão sendo afetados, e os cuidados com a gravidez e o pós-natal estão prejudicados em metade dos países das Américas, o que ameaça gestantes e mães novas.
“Se isto continuar, acredita-se que a pandemia aniquilará mais de 20 anos de avanços na ampliação do acesso das mulheres ao planejamento familiar e ao enfrentamento de mortes maternais na região”, disse Etienne.
Algumas mulheres podem ter que atravessar toda a gestação sem ver um médico em um momento no qual os cuidados não poderiam ser mais essenciais, disse ela.
Como o sistema imunológico muda ao longo da gravidez, as gestantes são mais vulneráveis a infecções respiratórias, como a Covid-19, e se adoecem, também tendem a desenvolver sintomas mais graves que exigem intubação.
(Por Anthony Boadle)