O empresário Gustavo Muller Medeiros, cofundador e CEO da fintech Monkey, maior marketplace de recebíveis da América Latina, começou 2024 em casa nova, cidade nova e país novo. Junto com família, às vésperas do Réveillon, trocou a capital paulista pela cidade americana de Charlotte, no estado da Carolina do Norte. A mudança não teve apenas objetivos pessoais ou a busca pelo American Dream, mas inaugurou um novo ciclo de internacionalização da empresa, que movimentou mais de R$ 100 bilhões em sua plataforma desde agosto de 2016.

Ele abriu um escritório da Monkey no coração financeiro da cidade, ao mesmo tempo em que consolidava operações também na Cidade do México e Santiago, no Chile. “Desde o início, mesmo sem conhecer outros mercados, pensamos em criar uma estrutura capaz de se adaptar a outras regiões”, afirmou o CEO. “Isso passa por estrutura de custos, decisões de sistemas, implementações, assim como a própria construção do time. E ao longo da nossa jornada, fomos levantando também as diferenças e semelhanças do nosso produto em outras regiões.”

A decisão de saltar para novos mercados se deu após analisar o potencial de cada país e dos mercados prioritários de parceiros e clientes já atendidos no Brasil, como Braskem, Gerdau, CMPC e Saint-Gobain, além de bancos brasileiros que estão cada vez mais internacionalizados, como Bradesco, Itaú, Inter, Safra e BTG.

Assim como ocorre no Brasil, a proposta da Monkey lá fora é conectar em um único ecossistema grandes empresas, seus fornecedores e instituições financeiras para promover uma espécie de leilão de recebíveis. Na prática, essa concorrência gera redução de custos nas operações das empresas. “Começamos a analisar nossos usuários para entender se era possível aproveitar nossas relações locais em outras regiões. Conversamos com todos os nossos clientes várias vezes para estruturar o que essa mudança traria de positivo para eles, já que muitos são multinacionais”, acrescentou Medeiros.

Prédio onde foi inaugurado o escritório em Charlotte (Crédito:Divulgação )

METAS

A partir do hub de Charlotte, o plano da Monkey é ter 50 grandes empresas e seus fornecedores nos próximos três anos, com movimentação de US$ 60 bilhões a US$ 70 bilhões por ano para financiamento da cadeia de abastecimento nas Américas.

O principal objetivo da Monkey continua a ser aumentar a liquidez para pequenas e médias empresas através da sua plataforma, oferecendo soluções com factoring ou factoring reverso.

Embora o CEO esteja capitaneando a internacionalização in loco, seu time de especialistas da empresa no Brasil tem dado suporte para esse movimento.

Junto com o time comercial, o cofundador e CTO Felipe Adorno e a argentina María Virginia Torti, sócia de negócios Latam da Monkey, têm viajado para países vizinhos, como o Chile, para buscar novas parcerias e consolidar a operação local. “Com os resultados consolidados no mercado brasileiro de sete anos de atuação em diferentes indústrias, temos convicção do quanto nosso produto contribuirá positivamente nos mercados que estamos entrando, proporcionando eficiência e transparência na operação da cadeia de suprimentos e otimizando os fluxos de pagamentos e permitindo acesso rápido e econômico ao capital de giro, especialmente para pequenas e médias empresas”, destacou María Virginia.

NOVOS HORIZONTES

O potencial de crescimento para a Monkey é, de fato, gigantesco. Os embates comerciais entre Estados Unidos e China têm levado os investimentos, antes concentrados na Ásia, para os paises latino-americanos, especialmente o México. Esse novo caminho global do dinheiro, chamado de nearshoring (a busca por parceiros comerciais em paises vizinhos), está criando novas janelas de oportunidades para empresas fazerem negócios regionalmente. “O México poderá desempenhar um papel muito importante na economia global nos próximos anos devido ao crescimento do nearshoring e à sua posição geográfica próxima aos principais mercados das Américas, tornando-se uma espécie da China para o Ocidente”, destacou o CEO da Monkey. “A provocação que gostaria de fazer aos nossos empreendedores é que é possível nos desafiarmos e criarmos oportunidades de crescimento em outras regiões. Assim como qualquer aventura, precisamos nos preparar para o pior e devemos nos planejar com antecedência para que sentimentos como conforto e medo não nos impeçam de tentar.”