Após o assassinato do CEO da United Healthcare, Brian Thompson, pelo jovem Luigi Mangione, diversas empresas dos Estados Unidos aumentaram os gastos com a segurança de seus executivos. O Financial Times elaborou o levantamento, que mostra um crescimento sobretudo nas empresas de tecnologia.

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“Nunca vi o nível de ameaça e preocupação tão alto como hoje”, disse o ex-agente do FBI James Hamilton, fundador de uma empresa que prestou serviços de segurança privada para os CEOs da Tesla, Elon Musk, e da Amazon, Jeff Bezos. “As pessoas estão fixando no líder de uma empresa a representação de tudo o que há de errado no mundo”, acrescentou ele.

A fala de Hamilton é corrobada pelos desdobramentos do caso de Brian Thompson. Após ser alvejado letalmente, o acusado por seu assassinato, Luigi Mangione, recebeu uma campanha espontânea de apoio na internet de pessoas revoltadas com as cobranças indevidas realizadas pelas empresas de saúde.

Luigi Mangione, suspeito do assassinato do executivo da empresa norte-americana UnitedHealth Brian Thompson

Em geral, os executivos das chamadas “big techs” adotam uma posição pública que atrai grande atenção para si. O envolvimento crescente dos chefes das big techs na política agravou o quadro. Além disso, as empresas estão no centro de grandes debates sobre uso de dados e a adoção de demissões em massa em meio a uma disparada dos lucros.

Fundador de outra companhia de segurança privada, a LaSorsa Security & Associates, Joe LaSorsa afirma que sua companhia recebeu nos últimos meses cinco vezes mais chamadas para avaliação de riscos e registrou um “notável” aumento de ataques às casas de CEOs.

Gastos com segurança de CEOs em 2024

  • Apple: US$ 1,4 milhão para Tim Cook, abaixo dos US$ 2,4 milhões em 2023
  • Amazon: US$ 1,1 milhão para o CEO Andy Jassy, ante US$ 986 mil no ano anterior; e US$ 1,6 milhão para proteção de Jeff Bezos desde 2010
  • Coinbase: US$ 6,2 milhões gastos no último ano na segurança do CEO Brian Armstrong
  • JPMorgan: US$ 882 mil para o CEO Jamie Dimon, ligeiramente acima dos US$ 866 mil em 2023
  • Meta: US$ 27 milhões na segurança de Mark Zuckerberg e de sua família, valor bem acima dos US$ 24 milhões gastos no ano anterior
  • Nvidia: US$ 3,5 milhões para proteger o CEO Jensen Huang, ante US$ 2,2 milhões em 2023
  • Palo Alto Networks: US$ 1,6 milhão para o CEO Nikesh Arora, abaixo dos US$ 3,5 milhões em 2023
  • Tesla: US$ 500 mil gastos em 2024 com a segurança de Elon Musk, após US$ 2,4 milhões em 2023

Como demonstra a lista acima, nem todas as empresas aumentaram seus gastos com proteção de executivos: a Apple e a Palo Alto Networks, do ramo de segurança cibernética, reduziram seu orçamento. Ao mesmo tempo, de acordo com o Financial Times, Alphabet (dona do Google), Amazon, Meta, Nvidia e Palantir (empresa de software) aumentaram os recursos para segurança em pelo menos 10% em um ano.

O valor gasto pela Meta se destaca como bastante superior ao de outras empresas listadas. O motivo da disparidade é o investimento também na segurança da família de Zuckerberg, ao invés de apenas proteção ao executivo. O executivo também mantém grande influência sobre a empresa que fundou na comparação com muitos de seus pares.

Na outra ponta, a Tesla também diminuiu os gastos com a proteção de Elon Musk. A redução, no entanto, ocorre porque o empresário fundou sua própria empresa de segurança, a Foundation Security. A fabricante de carros elétricos esclareceu assim que sua verba é apenas uma fração do total despendido para proteger o homem mais rico do mundo.

Diretor Executivo da Tesla, Elon Musk, caminha ao lado do Vice-Presidente Sênior da Tesla, Tom Zhu, e da Vice-Presidente Grace Tao ao deixar um hotel em Pequim, China. 31/05/2023
Diretor Executivo da Tesla, Elon Musk, caminha ao lado do Vice-Presidente Sênior da Tesla, Tom Zhu, e da Vice-Presidente Grace Tao ao deixar um hotel em Pequim, China. 31/05/2023 (Crédito:REUTERS/Tingshu Wang)

Maior doador da campanha de Donald Trump e apoiador ferrenho da extrema-direita pelo mundo, Musk é um dos empresários com maior presença na mídia atualmente. Em encontro com investidores no ano passado, ele afirmou que “dois maníacos homicidas” tentaram matá-lo em um intervalo de menos de sete meses.

A Nvidia também precisou aumentar os gastos conforme seu CEO, Jensen Huang, aproxima-se cada vez mais de Donald Trump. A empresa tornou-se no mês passado a primeira a alcançar valor de mercado de US$ 4 trilhões, em meio ao lobby do seu líder no tema de exportação de chips para a China.