01/08/2014 - 20:00
A primeira loja da rede brasiliense de fast-food Giraffas fora do País foi aberta em 2011, na ensolarada Miami, nos Estados Unidos. Para a companhia brasileira, apostar no mercado americano foi mais do que buscar um novo e disputado mercado. Foi, principalmente, uma oportunidade de beber diretamente da fonte onde o negócio de alimentação rápida nasceu, para desenvolver seu novo plano de expansão no Brasil. De lá para cá, a rede inaugurou dez unidades no país, período em que conquistou um prêmio de melhor projeto arquitetônico na área de negócios de alimentação, concedido por especialistas americanos.
Lição aprendida, agora a Giraffas quer desenvolver novos formatos por aqui. “Fomos buscar conhecimento e estamos trazendo para o Brasil o que aprendemos”, afirma Alexandre Guerra, presidente da Giraffas e filho de um de seus fundadores, Carlos Alexandre Guerra. Uma das apostas é o modelo de fast casual, que oferece atendimento de fast-food, mas com o conforto e os serviços de um restaurante. Além disso, a Giraffas ainda desenhou um modelo de loja mais enxuto para operar em cidades de até 100 mil habitantes, ampliando o leque de opções para seus franqueados.
Em 2013, a Giraffas faturou R$ 760 milhões com suas 400 lojas e espera atingir R$ 850 neste ano. As unidades de fast casual são lojas de rua, que permitem à marca uma maior interação com o cliente. O diferencial está em atender melhor o cliente, com a agilidade do fast-food, servindo-lhe um produto mais elaborado, num ambiente mais confortável e acolhedor. Serviços como bebida com refil e espaço infantil integram esse formato. “Queremos melhorar a experiência para o consumidor”, diz Guerra. Já são cinco unidades trabalhando com esse conceito desde o ano passado, quatro delas em Brasília e uma em Teresina.
Outras cinco estão programadas para este ano. A expectativa é abrir 130 restaurantes fast casual nos próximos cinco anos. O modelo é o mesmo com o qual a Giraffas já trabalha nos Estados Unidos e, na avaliação do diretor da consultoria de food service ECD, Enzo Donna, deve ter grande sucesso. “Depois de trazer o feijão com arroz para o fast-food, eles são pioneiros novamente, ao importar esse formato para o País”, diz o especialista. “Com o consumidor cada vez mais exigente quanto aos serviços e preços de alimentação fora do lar, esse formato deve ser bem-sucedido”. No Brasil, o mercado de fast-food movimentou R$ 24 bilhões em 2013, um crescimento de 13% sobre o ano anterior, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF).
Outra aposta da rede é o formato mais enxuto, que facilitará a abertura de unidades em cidades menores. O modelo de loja de rua faz parte do projeto Brasil Interior e teve reduções que vão desde os equipamentos utilizados até os itens oferecidos nos cardápios, para diminuir os custos operacionais. Com esses ajustes, o investimento para uma loja franqueada cai de R$ 1 milhão, no caso do fast casual, para R$ 500 mil. “Foi uma forma de promover a chegada da Giraffas em cidades onde o nosso modelo não era viável”, afirma o presidente. A primeira unidade desse modelo, que será inaugurada em agosto, já tem endereço: trata-se de Santo António do Descoberto, em Goiás, município de 65 mil habitantes.
A segunda cidade é Ariquemes, no Acre, com 93 mil moradores. O objetivo é abrir 40 unidades nos próximos quatro anos e conquistar novos investidores, já que o conhecimento do comércio local será primordial, de acordo com Guerra. No entanto, a estratégia de abertura de lojas de rua não significa que a rede pretende abandonar as praças de alimentação dos shopping centers. “Não estamos fugindo dos shoppings, mas da limitação que eles traziam para a expansão”, diz ele. “Acreditamos que o mercado brasileiro ainda pode dobrar de tamanho.”
A construção desse novo plano de expansão coincide com a profissionalização da administração da companhia. Há dois anos, a Giraffas passou por uma reestruturação, na qual os sócios saíram dos cargos executivos e foram para o conselho de administração. “Sem essa mudança, esses novos formatos não seriam viabilizados no País”, diz Guerra. Para o consultor Donna, isso foi importante para melhorar o desempenho e ainda fortalecer a companhia em um mercado cada vez mais concorrido. “Eles concorrem com gigantes como McDonald’s e Burger King, que já têm uma gestão nesse modelo”, diz. “Para os brasileiros, se quiserem concorrer com essas empresas, a saída é profissionalizar o comando.”