A mulher mais linda do Brasil postou-se atrás do vidro, na vitrine de um dos endereços mais chiques e badalados da cidade de São Paulo, o Shopping Iguatemi. Nesse meio tempo, Gisele Bündchen fez caras e bocas, acenou e sorriu muito para os fãs e fotógrafos que se aglomeraram em frente à loja da C&A. Foi um espetáculo rápido, de apenas 15 minutos, na manhã da quinta-feira 28, mas com força suficiente para gerar mídia espontânea no mundo todo, na velocidade da internet. 

A jogada magistral de Gisele fez parte de uma ação de marketing para o lançamento da primeira coleção que ela mesmo assina, em parceria com a rede de lojas de fast fashion. Em menos de três horas, parte do resultado do mise-en-scène já podia ser computado no local: a jaqueta de couro ecológico (R$ 169), com a assinatura de La Bündchen, se esgotava na loja do Iguatemi. 

 

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Gisele, que já tinha sido garota- propaganda da rede de 2001 a 2005, fez um contrato, cujo valor é guardado a sete chaves, para assinar mais duas coleções este ano. A cada vez, 100 peças diferentes, entre roupas, acessórios e calçados, serão lançadas. Os preços vão de R$ 19,90 (anel) a R$ 349 (bolsa de camurça). 

 

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Bolsa de R$ 349, a peça mais cara da coleção, e a jaqueta de R$ 169, que esgotou 

 

Em cerca de dois meses a equipe de design da rede cria as peças, a partir de um briefing passado pela modelo. Para essa primeira, a inspiração foram as roupas de inverno que Gisele tem em seu closet, em sua casa, em Boston, nos Estados Unidos. Há muitas calças jeans do tipo skinny (agarradas ao corpo e de barras estreitas), saias de renda e tricôs. 

 

A top acompanhou todo o processo de criação: da escolha dos tecidos (ela, que é uma das mais famosas celebridades envolvidas com questões ambientais do mundo, fez questão que fosse incluído o couro ecológico à sua coleção), à modelagem das peças.  ?A C&A foi a primeira no Brasil a lançar coleções exclusivas com estilistas renomados, no conceito C&A Collection, e com nomes do mundo pop, dentro do conceito Pop Fashion?, disse Elio França, diretor de marketing da C&A.  

 

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No closet, com Gisele: a top posa na vitrine da C&A, em São Paulo. 

 

A rede já colocou à venda peças assinadas por Amir Slama, Reinaldo Lourenço, Alexandre Herchcovitch,  Isabela Capeto, a cantora Beyoncé e a top Isabeli Fontana, entre outros. ?Essas ações reforçam nosso objetivo de democratizar a moda com o que há de mais atual na moda, oferecendo produtos de qualidade a preços acessíveis, todas as semanas?, afirmou França. 

 

A ideia da rede é que nenhuma consumidora fã de Gisele fique sem comprar uma peça com a sua assinatura. Assim, todas as cerca de 180 lojas da C&A, no Brasil, serão abastecidas com a coleção. Além disso, a cada semana, novas peças vão aportar nas araras, uma estratégia que obedece ao conceito de fast fashion, presente na rede há 34 anos. 

 

Essa é uma estratégia diferente da que foi usada no lançamento da recente coleção da estilista inglesa Stella McCartney, que causou frisson entre as consumidoras brasileiras. Algumas peças sumiram das lojas em menos de três horas. Só, que nesse caso, somente 37 lojas do País receberam as peças assinadas pela filha do ex-Beatle Paul. 

 

 Experiências como a da vitrine viva de Gisele são inéditas no País. Lá fora, a estratégia foi adotada, em 2007, pela top model inglesa Kate Moss no lançamento de sua coleção para a loja Topshop, em Londres. O contrato lhe rendeu aproximadamente US$ 6 milhões. 

 

Com Gisele, a moda deve pegar de vez. ?Vamos começar a ver cada vez mais aqui no Brasil esse tipo de ação, que não parte da mídia, de um anúncio, mas que gera mídia?, disse Luiz Lara, presidente da Associação Brasileira das Agências de Publicidade (ABAP). ?É uma sinergia muito bacana e cria uma experiência de marca única, que tem uma resposta imediata nas redes sociais, na internet ou na própria loja, como aconteceu nesse caso da C&A.?  

 

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