29/08/2014 - 20:00
Nas passarelas, a modelo brasileira Gisele Bündchen conquistou fama e fortuna com uma carreira de pouco mais de uma década. Não por acaso, a topmodel se tornou a personalidade mais bem paga do universo fashion e ganhou o apelido de furacão da moda. Na última terça-feira 26, aos 34 anos, o fenômeno gaúcho mostrou que não está perdendo força e que irá soprar forte no campo dos negócios. Em um badalado evento em São Paulo, ela lançou uma nova coleção de sua marca de lingerie Gisele Bündchen Intimates (GBI), no País.
As peças, que antes faziam parte de uma linha da fabricante paulistana Hope, partiram para carreira solo com a abertura de sua primeira loja em Paris, em maio deste ano. A próxima parada é o Brasil. “Estamos procurando os melhores pontos para as lojas também no País”, afirma Sandra Chayo, diretora de marketing da Hope. “Já temos muitas franqueadas interessadas em ter uma loja da GBI.” A ideia é levar a marca para, ao menos, 40 países. O sucesso de Gisele, que não falou com a imprensa em sua rápida passagem de três dias, no segmento de lingeries não vem de hoje.
Por sete anos, ela foi o principal nome da marca Victoria’s Secret nas passarelas e campanhas publicitárias, nos Estados Unidos. Com visão empresarial, a top tem se associado a marcas para manter seus negócios em forma. Pelos cálculos da revista americana Forbes, a modelo tem uma fortuna estimada em US$ 386 milhões, ganhos ao longo de sua carreira. Só em 2013, foram US$ 47 milhões. Em Paris, a loja da GBI está localizada na Galeria Lafayette. Segundo Sandra, a decisão de começar por lá a construção da rede ocorreu por conta de uma oportunidade de adquirir um espaço em condições favoráveis, sem estudos prévios, mas as vendas estão superando a expectativa.
“Os franceses se orgulham de saber fazer lingerie, mas a marca da Gisele foi bem aceita”, diz. Parte desse sucesso está ligada a imagem e empreendedorismo da modelo. Desde a inspiração para a coleção até os detalhes das peças, tudo passa por seu crivo. “Toda observação que ela faz é pertinente”, afirma a diretora de marketing da Hope. A primeira loja no País deve ser inaugurada em São Paulo, no início de 2015, e sua administração ficará nas mãos da Hope. No Brasil, além da ligação com a Hope, Gisele Bündchen ainda mantém uma longa e duradoura parceria com a fabricante de calçados Grendene, que começou com sua contratação como garota-propaganda dos chinelos Ipanema, em 2002, e empresta hoje seu nome a uma linha sandálias de borracha.
A companhia dos irmãos Pedro e Alexandre Grendene não revela quanto já ganhou com a modelo, mas sabe-se que sua imagem traz ganhos às empresas com as quais se associa. Quando foi contratada para a campanha da P&G para a marca Pantene, as vendas de produtos dessa linha cresceram 40% no País. “Ela tem sido muito hábil em se manter no topo do desejo das marcas”, afirma Maximiliano Bavaresco, sócio-diretor da consultoria de marcas Sonne Branding. Estudos comprovam que investir em Gisele tem valido mais a pena do que investir na bolsa de valores.
De acordo com o economista americano Fred Fuld, que desenvolveu o Índice Gisele Bündchen, de 2007 até a metade de 2013, esse indicador subiu 79%, enquanto o Dow Jones Industrial Average, resultado da soma das ações de 30 grandes companhias, como Johnson & Johnson, Microsoft, Wal-Mart e Boeing, apresentou alta de 22% no mesmo período. Estima-se que a venda de produtos que levam seu nome ou sua imagem esteja batendo a casa do US$ 1 bilhão, por ano. Mas nem tudo que Gisele toca vira ouro. Uma de suas apostas, a linhas de cosméticos com ingredientes naturais, a Sejaa Pure, não decolou no Brasil.
Apesar de levar sua assinatura, os preços praticados não agradaram às consumidoras brasileiras, segundo alguns analistas de mercado. Os produtos que eram vendidos por R$ 100, por exemplo, tiveram um desconto de 25%. Ao longo da carreira, a supermodelo também já passou por apuros em relação à sua imagem, quando virou garota-propaganda de uma marca de casacos de pele. Na época, ativistas furiosos protestaram contra a brasileira. Página virada, agora um dedicado trabalho faz com que a conservadora e tradicional imagem de mulher bonita, bem-sucedida, mãe de família e boa esposa leve algumas das maiores empresas de bens de consumo do mundo a disputar Gisele Bündchen da cabeça aos pés.