No universo de 180 milhões de garrafas elaboradas por ano, a enóloga Gloria Collell achou o seu espaço dentro do grupo Freixenet, com as linhas especiais de cava. Primeiro foi a Mía, de espumantes joviais, mais adocicados, depois, as sangrias, de vinhos e espumantes com frutas, da mesma marca. Mais recentemente, foi o prosecco (sim a Freixenet, gigante por seus cavas, o mais famoso espumante espanhol, também tem em seu portfolio o mais badalado espumante italiano). O diferencial de Gloria é não apenas participar da criação da bebida, como enóloga que é, mas atuar em todo o desenvolvimento de marketing, da escolha da garrafa, da embalagem, pesquisa de mercado e tudo mais. E, aqui, vale o comentário: a garrafa do prosecco é linda, com muita personalidade.

Natural de uma família que produz vinho na Catalunha, ela chegou à enologia depois de desistir de um curso de direito. Na Freixenet, trabalha como enóloga, mas com um pé no marketing e na criação, como ela conta na entrevista a seguir.

Como você entrou no mercado do vinho?
Eu nasci em uma família dedicada ao vinho. Meu avô tinha um negócio de venda de vinhos a granel. Meu pai modernizou o negócio e o transformou em distribuição de vinho engarrafados para o mundo todo. Eu decidi estudar direito, mas percebi que a paixão que eu sentia pelos vinhos era maior do que a que eu sentia pela advocacia. Então voltei para casa e comecei a minha carreira no setor de enologia, ajudando nos negócios da família. Depois decidi estudar enologia. E este foi o começo da minha paixão por vinhedos e vinícolas.

Crédito: Freixenet

Na Freixenet, o que veio primeiro, a enologia ou o marketing?
Eu comecei como enóloga, na linha de vinhos e espumantes Mía. E fui para o marketing para ajudar no processo de desenvolvimento da marca, mas sem deixar de ser a responsável pela produção do vinho. O último projeto que eu me envolvi, unindo marketing e vinificação, foi o lançamento do prosecco, o primeiro espumante italiano da Freixenet.

Como você se inspira para criar espumantes diferenciados, como o Mía e o prosecco?
Na minha opinião, a inspiração vem depois da observação. Observamos o comportamento dos consumidores, as tendências gerais, as tendências do mercado de espumantes… No final, o que queremos é fazer as pessoas felizes, entregando os vinhos que as façam felizes, que as sintam bem.

Qual a sua inspiração para criar estas duas linhas?
Com o Mía, a minha inspiração foi a cidade de Barcelona e o fato que eu queria chamar a atenção dos jovens, com os sabores mais doces, a garrafa colorida. É o estilo da cidade e o estilo de seu povo. Com o prosecco, a ideia era refletir o glamour italiano, de uma maneira milenar, mas com uma garrafa bonita e atraente, com um brilho que respeita a qualidade de uma DOC Prosecco, e também de uma maneira fácil de beber.

Quais os novos projetos que você está trabalhando?
Na Freixenet, estamos sempre pensando em novos projetos e atualizando nosso portfolio. Existem alguns projetos novos e interessantes, que ainda são confidenciais.

Em sua opinião, há diferenças na maneira que uma mulher ou um homem elaboram um novo vinho?
Eu acho que não. Acho que os vinicultores fazem vinhos que expressam a sua própria sensibilidade e percepção do mundo e da sociedade, mas principalmente eles são tradutores do solo, do clima e da variedade da uva. Isso resultará em um vinho ou um espumante com o seu próprio caráter.

As mulheres e o vinho

Durante todo o mês de março posto aqui as mais diversas histórias de mulheres no mundo do vinho. Em 2018 foram 23 textos de personalidades e épocas diferentes e em 2019 continuo a tradição. Adorei pesquisar e conhecer mais sobre estas pessoas e seus desafios. Confira, a seguir, quais foram estas mulheres.

2019

2018

– Dona Antónia Ferreira, a querida dona Ferreirinha, que tanto fez pela região do Douro e, por que não, por Portugal

– Barbe-Nicole Clicquot, mais conhecida como a Veuve Clicquot

– Jancis Robinson, a inglesa mais influente do mundo do vinho com o seu www.jancisrobinson.com

– Laura Catena, a argentina que investe nas pesquisas para conhecer e elaborar vinhos de qualidade, na vinícola Catena Zapata

– Lalou Bize-Leroy, a polêmica e competentíssima produtora da Borgonha

– Serena Sutcliffe e os leilões de vinho

– Maria Luz Marín, a chilena pioneira no vale de San Antonio, no Chile.

– Mônica Rossetti, brasileira que atualmente trabalha na Itália. Ela tem papel primordial na história da vinícola gaúcha Lidio Carraro

– Natasha Bozs, uma das primeiras enólogas negras da África do Sul, da Nederburg

– Elena Walch, a arquiteta que virou enóloga e hoje tem sua própria vinícola no Alto Adige

– Véronique Drouhin-Boss, a francesa da quarta geração da domaine Drouhi

– As associações de mulheres e vinhos já existem em 10 regiões francesas

– Lorenza Sebasti, proprietária da vinícola italiana Castello di Ama

– Fabiana Bracco, da Bracco Bosca, que tanto faz pelo vinho uruguaio que pode ser considerada a embaixadora do país

– A portuguesa Filipa Pato, dos vinhos da Bairrada

– Lis Cereja, a brasileira que mais e melhor levanta a bandeira do vinho natural no Brasil

– Féminalise, um concurso de vinhos francês que só tem juradas

– Albiera Antinori, a primeira mulher a dirigir a tradicional vinícola italiana

– Susana Balbo, a pioneira nos vinhos argentinos

– Cecília Torres, a primeira mulher nos vinhos chilenos com o Casa Real

– Ludivine Griveau, que dirige os vinhos do Hospice de Beaune, na Borgonha

– A dupla de amigas e enólogas portuguesas Sandra Tavares e Susana Esteban

– Patricia Atkinson, e a sua aventura de elaborar vinhos franceses