14/10/2025 - 18:44
A Gol anunciou na noite de ontem, 13, que faria uma reestruturação societária que deve resultar no fechamento do capital da empresa aérea na B3. Aparentemente, o anúncio agradou os poucos investidores do mercado que ainda mantêm as ações da companhia. As ações fecharam o pregão de terça-feira, 14, em alta de 2,36%, cotadas a R$ 5,20.
Mas a valorização registrada hoje não foi uma constante na aérea desde que seus papéis começaram a ser negociados na bolsa brasileira. Entre 2004, quando as ações foram listadas na bolsa, e 2025 em apenas seis ocasiões a empresa pagou dividendos a seus acionistas. A última vez que a companhia aérea remunerou seus investidores foi em 2011.
A falta de remuneração não foi o único problema ao longo do tempo. Levantamento da consultoria Elos Ayta mostra que ao longo do tempo, entre altos e baixos, as ações da Gol derreteram 98,36% desde a oferta pública inicial (IPO) de suas ações. Apenas no ano passado, a queda acumulada foi de 85%. Na parcial de 2025, a perda acumulada é de quase 70%.
Nesse cenário, os investidores que acreditam no discurso proposto pela Gol em 2004, de ser “a empresa aérea de baixo custo da América Latina”, viram seu dinheiro virar pó nesses pouco mais de 20 anos.
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No fato relevante divulgado na noite de ontem, a empresa disse que o plano proposto tem por objetivo “reorganizar as operações da companhia, buscar sinergias e reduzir seus custos”. Para muitos analistas, a reorganização proposta já era aguardada de alguma maneira e mira uma futura listagem das ações no exterior. Contudo, não existe uma data prevista para a manobra.
O que vai acontecer com a Gol
Na prática, a Gol Linhas Aéreas Inteligentes – listada na bolsa – e a holding Gol Investment Brasil (GIB) serão incorporadas pela empresa operacional responsável pelos voos, a Gol Linhas Aéreas (GLA), empresa de capital fechado. Ao fim do processo, tanto a Gol quanto a GIB serão extintas.
A nova estrutura ainda será discutida em assembleia geral extraordinária (AGE), marcada para o dia 4 de novembro de 2025. Assim, significa dizer que as ações deixarão de ser negociadas na B3 e a aérea se tornaria uma companhia fechada controlada pelo grupo Abra.
A Abra é uma holding criada em 2022, que também controla a colombiana Avianca. Desde quando a Gol pediu recuperação judicial nos Estados Unidos, a participação da Abra na empresa passou de 52% para mais de 80%. Hoje, menos de 1% das ações da companhia são negociadas na bolsa.