Entre sua formação e aptidões, você poria o golfe no currículo? É bom considerar a hipótese. Nos Estados Unidos, algumas empresas usam o esporte como critério de desempate para vaga de emprego, indicam estudos das associações de jogadores. Entre dois candidatos de idêntica eficiência, é escolhido o que bate melhor na bolinha. No Brasil, país com 20 mil golfistas, ainda não há esse fenômeno corporativo. Mas uma pergunta se espalha entre os executivos: o golfe faz diferença? Faz. ?Fechar negócios está implícito no jogo?, diz Fernando Marques, diretor de marketing da IBM, principal patrocinadora da última etapa do Circuito Empresarial de Golfe, evento destinado a transformar o gramado em sala de reunião. ?É um investimento profissional e uma herança para os filhos?.

Os pais de Alessandro Fabietti, do Santander, talvez não pensassem nisso quando levaram o filho, aos dez anos, para dar as primeiras tacadas. Fabietti foi quase jogador profissional, mas o esporte lhe rendeu outros empregos. ?Foi num campo que meu interesse em trabalhar em banco chegou ao conhecimento de um diretor?, diz ele, que hoje é gerente de grandes fortunas. ?É, ainda, uma oportunidade para eu estar na roda dos meus superiores?, reconhece. Em muitos casos, é uma necessidade. Adriano Gomes é diretor comercial da TAM Viagens, que desde 2003 vende pacotes especificamente relacionados ao golfe. No ano passado, Gomes começou a praticar. ?Posso jogar com clientes e incentivar viagens?, diz. ?Eles confiam em mim?. Hoje, a empresa patrocina 50 eventos de golfe por ano e não cobra excesso de bagagem no avião pelas taqueiras. O esforço em associar a marca ao esporte dá resultado. O produto rende R$ 10 milhões ao ano, ou 4% do faturamento. ?É satisfatório num país onde o esporte não é muito difundido?, diz Gomes.

Mas atenção: privilégio de poucos, a habilidade com os tacos pode ser um curinga, mas não uma garantia. ?É uma vantagem competitiva, mas não reduz a importância da formação acadêmica?, diz Antônio Motta Carvalho, sócio-diretor da Panelli, Motta, Cabrera e Associados, empresa especializada na contratação de executivos. Não é o caso, portanto, de buscar já um professor de golfe, até porque há espaço para outras modalidades. ?Os esportistas se mostram mais determinados e menos propensos a problema de saúde?, diz Patrícia Epperline, diretora de recrutamento da Mariaca & Associates.

Mitos e verdades:

Mitos
? Empresas exigem a prática do golfe
? Só se valoriza quem joga golfe, e não outros esportistas
? Pratica golfe quem não tem fôlego para outros esportes

Verdades:
? Os campos são, sim, usados como sala de reunião
? É o melhor esporte para fazer contatos promissores
? Abre portas para novos negócios e contratações