Os golfinhos formam parcerias táticas e competem juntos contra alianças rivais pelo acesso às fêmeas. Num novo estudo, pesquisadores descobriram que estes animais estabelecem mais alianças do que qualquer outra espécie que não a humana.

Para o estudo, os cientistas observaram 121 golfinhos machos adultos do Indo-Pacífico em Shark Bay, na Austrália Ocidental e perceberam que esses animais se uniam em grupos. “Estes golfinhos têm alianças estáveis a longo prazo, e essas são intergrupais. Alianças de alianças de alianças”, sublinha Richard Connor, investigador na Universidade de Massachusetts Dartmouth e um dos principais autores do estudo.

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Os seres humanos e os golfinhos são os animais com os cérebros maiores relativamente ao tamanho do corpo. “Não é uma coincidência”, diz Connor.

As estruturas sociais dos golfinhos são fluídas e complexas. Os investigadores encontraram alianças entre dois ou três golfinhos machos – como os melhores amigos. Depois os grupos expandiram-se para até 14 membros. Juntos, ajudaram-se uns aos outros ou a encontrar fêmeas para acasalarem ou a tirá-las de outros golfinhos, bem como a defenderem-se contra quaisquer tentativas de “roubo” de rivais.

“Estes machos têm uma ideia muito, muito clara de quem está na sua equipa”, explica Stephanie King, co-autora principal do estudo.

Segundo a investigadora, estas equipas podem durar décadas e são formadas quando os golfinhos são ainda jovens, embora não tendam a colher as recompensas da paternidade até à meia-idade.”É um investimento significativo que começa quando eles são muito jovens – e estas relações podem durar toda a sua vida”.

No fundo, o estudo mostra como os traços de personalidade anteriormente considerados exclusivamente humanos podem ser adquiridos por outros animais.