27/06/2023 - 21:44
Em seu voto, o ministro Benedito Gonçalves afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “investiu energia” em reunião com embaixadores para atacar a credibilidade do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Diversas partes do discurso (na reunião) revelam que investigado (Bolsonaro) investiu energia em convencer que seu relato era mais confiável que informações do TSE”, afirmou Gonçalves, relator do processo que pode tornar o ex-presidente inelegível por oito anos.
Ainda segundo o ministro, o ex-presidente convocou a reunião para se contrapor a um encontro feito com embaixadores, em maio do ano passado, pelo então presidente da Corte eleitoral, Edson Fachin, para falar sobre o sistema eleitoral brasileiro. “O discurso de Bolsonaro na reunião foi reação à sessão informativa realizada pelo TSE. (O então presidente) Se sentiu pessoalmente confrontado e desencadeou hostilidade com ministros do TSE. A cada alerta, repetia seu desejo de que as eleições de 2022 fossem limpas e transparentes. Nessa performance (na reunião), (Bolsonaro) se mostra disposto a levar ao conhecimento da comunidade internacional enormes riscos que rondariam eleições”, destacou.
Gonçalves disse que, para comunicar sua mensagem, Bolsonaro usou o inquérito da Polícia Federal (PF) sobre um suposto ataque hacker ao TSE como um “fiel da balança”. Para o relator, a escolha do documento foi “estratégica” como uma forma de atestar a veracidade da fala.
O ministro contestou as acusações e disse que o TSE verificou que a tentativa de ataque hacker “não representou qualquer risco à integridade das eleições de 2018”. “Irredutível, Bolsonaro ainda faria outra live em 12 de agosto de 2021”, afirmou o relator. Essa live, ligada à reunião com embaixadores por meio do uso dhttps://www.estadao.com.br/o inquérito da PF, também é objeto de análise em seu voto.
Depois da leitura deste trecho do voto, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, suspendeu a sessão para intervalo de 20 minutos. Após o retorno, o julgamento será retomado com a conclusão do voto de Gonçalves.
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