15/07/2014 - 13:36
Em janeiro deste ano, o Google se afastou da produção de smartphones. O buscador de Mountain View entrou no negócio em 2011, quando pagou US$ 12,5 bilhões pela Motorola, mas três anos depois repassou a companhia e suas patentes para a chinesa Lenovo, por US$ 2,1 bilhões. Larry Page e seus comandados, contudo, não desistiram de vez do mercado. Na venda da Motorola para a Lenovo, o Google manteve sob seu guarda-chuva a patente para um aparelho: o projeto Ara, o “celular Lego” do Google. E seis meses depois, ele parece estar mais próximo das prateleiras. A empresa abriu inscrição para desenvolvedores solicitarem o acesso à plataforma, para já começarem a criar para o aparelho.
O smartphone Ara quer mudar a maneira de compra dos aparelhos. Em vez de adquirir um “pacote fechado” de configuração, o usuário compraria uma base e incluiria peças conforme suas necessidades. Elas parecem blocos de montar e são encaixadas na base. Se o usuário quiser um processador potente, mas uma câmera básica, pode adquirir os componentes com essa especificação e apenas encaixá-los na base. Segundo o Google, o Ara permite uma infinidade de configurações. “É um celular desenvolvido para durar”, afirma Dave Hakkens, designer holandês criador do conceito, que trabalha no projeto da buscadora americana desde outubro.
O projeto prevê código aberto, para que qualquer companhia possa fabricar peças para o Ara. Foi com essa mesma política, por sinal, que o Google dominou o mercado de sistemas operacionais móveis, onde 79% dos aparelhos usam o Android. Não por acaso, o Ara já é chamado de a versão física do sistema.
Janeiro de 2015 é quando o Google pretende colocar o Ara nas prateleiras. Caso ele seja um sucesso, pode representar a mais radical mudança no mercado de celulares, desde que a Apple lançou o iPhone em 2007. Naquela ocasião, a tela sensível ao toque revolucionou o negócio. “Esse pode ser o movimento que chacoalhará o mercado”, afirma Jeff Kagan, fundador da consultoria americana Kagan, especializada em telecomunicações. “Não vejo, por exemplo, uma empresa como a Apple trabalhando com um formato assim.”