O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Chicago, Austan Goolsbee, demonstrou otimismo nesta quinta-feira, 29, sobre a desaceleração inflacionária. Ele comentou, durante evento virtual da Universidade Princeton, que a inflação tem recuado mesmo enquanto os salários mostram uma trajetória mais arraigada de ganhos.

Goolsbee disse que houve “grande queda na inflação” sem que isso tivesse gerado recessão, o que contrariou as expectativas de diversos analistas. E mencionou que a trajetória segue positiva, mesmo caso levemos o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) desta manhã. Além disso, ele disse que “devemos ser cautelosos para não extrapolar” números de apenas um mês, mas manter a tendência.

Neste ano sem direito a voto nas decisões de política monetária, Goolsbee afirmou que o risco de choques externos está entre suas maiores preocupações, neste momento. Além disso, ele rechaçou as ideias de mudar a meta da inflação, sobretudo quando ela está bem acima dos 2% almejados. Ele considerou que uma mudança na meta nesse contexto teria custos elevados para o futuro da política monetária, com perda da credibilidade.

Goolsbee afirmou que o mercado de trabalho continua “apertado”, mas pediu cautela em relação à dinâmica entre salários e preços, no quadro atual. Avaliou que a trajetória dos salários se mostra mais arraigada, em alta, mas isso não tem impedido a perda de fôlego da inflação. Já o cenário atual é “restritivo”, na sua avaliação sobre a política monetária.

O dirigente disse que tem observado a inflação no setor de moradia, que segundo ele não melhorou tanto quanto esperaria até agora. E destacou igualmente o quadro na produtividade no país, mostrando que ela tem no passado recente ficado em ritmo superior ao esperado. Caso isso se mantenha, ao menos por um período, a força da produtividade poderia ter impactos importantes para a trajetória da política monetária, afirmou.

Goolsbee foi questionado, na conversa virtual, sobre um eventual pensamento do mercado fora da realidade sobre a trajetória dos juros. Sem responder diretamente sobre quando o Fed pode cortar juros, ele respondeu que os investidores verão o que o Fed de fato tem feito, para então se ajustar ao quadro real.