30/06/2025 - 14:03
Político provincial da área do vulcão que foi palco da morte de Juliana Marins lamenta morte e diz que equipe de resgate carecia de equipamentos avançados. Contudo, ele diz que não faltou dedicação aos socorristas.O governador indonésio da província onde fica o Monte Rinjani, Lalu Muhamad Iqbal, rebateu críticas de que seu governo não teria prestado ajuda imediata para resgatar a brasileira Juliana Marins, que morreu no local.
No entanto, também reconheceu que a estrutura das equipes de resgate para lidar com casos como este é insuficiente e prometeu estabelecer medidas de segurança para o turismo no Monte Rinjani.
Em um vídeo intitulado “carta aberta às irmãs e irmãos brasileiros” publicado em suas redes sociais e narrado em inglês, o governador de Sonda Ocidental se disse “profundamente abalado” pela tragédia e assegurou que as equipes de resgate “agiram com urgência e dedicação” desde o primeiro momento que chegaram ao local do acidente.
“Eles colocaram sua própria segurança em risco para cumprir a missão. Muitos deles eram voluntários, movidos apenas pela compaixão e pela humanidade”, disse na gravação publicada neste sábado (28/06, no horário local), na qual lamentou a morte de Juliana.
O caso gerou comoção no Brasil e críticas às autoridades indonésias por uma suposta demora para agir após Juliana cair em um penhasco. Foram necessários quatro dias para o corpo da brasileira ser encontrado e removido. A família da jovem acusa o governo indonésio de negligência.
Condições climáticas atrasaram resgate
Lalu Muhamad Iqba reforçou o discurso oficial de que as operações de resgate foram dificultadas devido às condições climáticas do vulcão, que ultrapassa uma altitude de 3 mil metros acima do nível do mar.
“A queda livre e a chuva persistente dificultaram os esforços de resgate desde o primeiro dia, tornando difícil até mesmo para drones térmicos detectarem as coordenadas com precisão”, disse o governador.
Ele também argumentou que o terreno arenoso criou um “risco extremo” para a operação de dois helicópteros destacados para o resgate aéreo, devido à possibilidade de areia entrar nos motores.
Na gravação, uma voz masculina sobrepunha imagens das equipes de resgate, onde se vê uma forte neblina impossibilitando a visão dos voluntários.
Falta de equipamentos para resgate
No entanto, o representante indonésio reconheceu que o número de estruturas verticais disponíveis para resgate é “insuficiente” e que as equipes “carecem de equipamentos avançados necessários” para missões como esta.
“Por favor, compreendam que compartilho isso não como desculpa, mas como um reconhecimento transparente de nossas limitações atuais”, disse ele.
Muhamad também prometeu ampliar a infraestrutura de segurança no acesso à trilha.
“Asseguro que tomaremos medidas concretas para reforçar nossa preparação para futuras emergências ou desastres […] Esta montanha deixou de ser apenas um destino de trilhas e passou a ser uma atração turística internacional”, completou.
Críticos exigem fechamento da trilha
Como a DW mostrou, diversos veículos de imprensa do país asiático passaram a discutir a segurança deficiente do país para excursões turísticas ao ar livre de risco após a pressão pelo resgate de Juliana.
Segundo o jornal indonésio Kompas, apenas de abril a junho deste ano outros três incidentes ocorreram no local e um turista da Malásia também morreu.
Na publicação, o governador marcou órgãos oficiais brasileiros, como o Itamaraty, criticado nas redes sociais pela mediação do caso com a família de Juliana.
Usuários das redes sociais também não pouparam Muhamad nos comentários de seu vídeo. Em mensagens publicadas em diversas línguas, muitos criticam o governador por não fechar a trilha que leva ao vulcão, uma vez que há admissão de que a infraestrutura de acesso e resgate não é adequada.
Prabowo Subianto tem uma reunião marcada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no começo de julho, na cúpula dos Brics. A agenda foi acordada antes de o acidente acontecer.
gq (ots)