06/03/2022 - 10:53
Por Sabrina Valle
HOUSTON (Reuters) -O governo brasileiro indicou o ex-executivo da Petrobras Rodolfo Landim, atual presidente do Flamengo, para presidir o conselho de administração da estatal, informou a empresa em um comunicado na noite de sábado.
Antes, o presidente do conselho da Petrobras, almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, havia dito à Reuters que planejava deixar o cargo.
+ Presidente do conselho de administração da Petrobras diz que deixará o cargo por motivos pessoais
A Reuters havia também reportado na véspera que Landim era visto como seu possível sucessor, segundo duas fontes familiarizadas com o assunto.
“A presidência do conselho de administração da Petrobras é um trabalho de 24 horas e quero passar mais tempo com minha família”, disse Ferreira, acrescentando que tem dois filhos adultos morando fora do Brasil.
Ferreira vai ficar até o final do seu mandato. Uma assembleia de acionistas para renovar o conselho foi agendada para o dia 13 de abril.
O anúncio da mudança no conselho ocorre no momento em que a Petrobras enfrenta pressão de investidores para aumentar os preços dos combustíveis, já que o petróleo se aproxima de 120 dólares por barril.
A empresa controla os preços da gasolina e do diesel no Brasil com mais de 80% da capacidade de refino do país.
Rodolfo Landim fez carreira na Petrobras antes de criar sua própria petroleira, a Ouro Preto, e vendê-la.
Ele trabalhou na estatal por 26 anos e ocupou diversas funções gerenciais na área de Exploração & Produção. Entre 2000 e 2003, Landim foi presidente da Gaspetro, responsável pelas participações societárias da Petrobras nas companhias de transporte e distribuição de gás natural.
Entre 2003 e 2006, foi presidente da Petrobras Distribuidora, que foi privatizada e mudou de nome para Vibra.
Segundo indicação do Ministério de Minas e Energia à Petrobras, o acionista controlador apontou ainda os seguintes nomes para o conselho: Carlos Eduardo Lessa Brandão; Joaquim Silva e Luna; Luiz Henrique Caroli; Márcio Andrade Weber; Murilo Marroquim de Souza; Ruy Flaks Schneider; e Sonia Julia Sulzbeck.
Luna, Weber, Souza, Schneider e Sulzbeck já integram o conselho atual, composto por outros três conselheiros representantes de acionistas minoritários e um dos empregados.
Brandão, conselheiro de administração do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), e Caroli, almirante de Esquadra da Marinha, aparecem como novos nomes.
MOMENTO DELICADO
Os novos conselheiros deverão assumir o posto em momento delicado para a companhia, que sofre pressões para não repassar a alta do petróleo, ao mesmo tempo em que busca seguir sua política de paridade entre os preços dos combustíveis domésticos e os mercados internacionais.
Um crescente coro de políticos afirma que a Petrobras deveria ajudar a arcar com esses custos do petróleo mais alto.
Na quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro disse que a Petrobras sabe da sua responsabilidade e o que pode fazer para que os preços dos combustíveis no Brasil não disparem apesar da alta internacional do petróleo devido à invasão da Ucrânia pela Rússia.
Os comentários de Bolsonaro vieram depois que a Petrobras quebrou no mês passado seu recorde histórico de lucro anual e de pagamentos de dividendos em 2021, graças à alta do petróleo.
Na quarta-feira, o presidente-executivo Joaquim Silva e Luna disse à Reuters que a Petrobras ainda não havia tomado uma decisão sobre os reajustes dos preços dos combustíveis.
(Por Sabrina Valle, com reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro)