O defensor do povo britânico para questões parlamentares e de saúde criticou o Ministério do Interior nesta quarta-feira (9) por sua gestão dos pedidos de visto para refugiados ucranianos que fogem da guerra.

O ombudsman Rob Behrens denunciou “caos e confusão”, pediu o fim dos “atrasos e burocracia desnecessários”, que o processo tenha melhores recursos e seja mais eficiente e transparente.

O embaixador da Ucrânia em Londres, Vadym Prystaiko, disse a uma comissão parlamentar que sempre houve “problemas burocráticos” na solicitação de vistos para o Reino Unido e que sua própria esposa não obteve um antes dele assumir o cargo.

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O Ministério do Interior, e seu chefe Priti Patel, têm sido acusados de forçar os ucranianos a superar vários obstáculos para obter vistos de viagem para o Reino Unido.

Centenas de pessoas viajaram para o porto francês de Calais, às margens do Canal da Mancha, na esperança de cruzar para se juntar às suas famílias no Reino Unido, mas não conseguiram entrar por falta de vistos.

Isso rendeu ao governo de Boris Johnson comparações vergonhosas com a política da vizinha União Europeia, que concede residência de três anos a ucranianos sem visto.

Até o momento, o Reino Unido concedeu 957 vistos, de acordo com o governo. Entre 50.000 e 60.000 ucranianos vivem no Reino Unido e Prystaiko estimou que 100.000 de seus familiares poderiam tentar se juntar a eles.

Londres, que fez do controle de fronteiras um elemento-chave de sua campanha para o Brexit, insiste que deve realizar verificações de segurança antes de emitir vistos.

Mas o ombudsman considerou “vital que o Ministério do Interior atue para corrigir as falhas na gestão dos pedidos de visto”, pedindo um processo “simples, acessível e rápido” porque “há vidas que dependem disso”.

Patel causou confusão no início desta semana ao insistir que um centro de solicitação de visto de emergência havia sido criado em Calais, apenas para recuar e dizer que não estava em funcionamento.

Seu ministério confirmou mais tarde que ele seria estabelecido a 110 quilômetros de Calais, em Lille.

A revista Spectator, geralmente favorável a Johnson, publicou esta semana uma caricatura em sua capa intitulada “farsa da fronteira”, na qual depois dos refugiados receberem boas-vindas, é entregue uma longa lista de requisitos para entrar.