No final de março deste ano, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) anunciou os vencedores para a criação de cinco novos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) escolhidos entre 38 propostas submetidas ao edital de 2021.

As iniciativas vencedoras abrangem as áreas de saúde, biologia, agronomia e veterinária de pesquisadores de todo país. No entanto, projeto inovador na cura do HIV , coordenado pelo infectologista Ricardo Sobhie Diaz , diretor do Laboratório de Retrovirologia do Departamento de Medicina da Unifesp, ficou de fora.

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O trabalho em questão é a primeira pesquisa do mundo a curar o HIV sem a necessidade de transplante de medula óssea. A ampliação dos estudos poderia mudar a vida de mais de 38 milhões de pessoas com HIV/aids .

O caso é conhecido por ” paciente São Paulo ” e chamou muita atenção na Conferência Internacional Aids 2020 . Ricardo Diaz relatou na conferência que, depois de mais de 15 meses de experimentos, o paciente em questão apresentava HIV indetectável, com nível de anticorpos ‘reduzindo continuamente’, até que testes rápidos de anticorpos dessem negativo.

“Nossa pesquisa começou lá em 2012 sendo o primeiro a provar que o uso de várias intervenções [medicamentos], uma por vez, quando você vai somando, são mais eficazes. Nosso estudo teve sucesso, a gente já publicou um e vamos publicar outros dois em revistas internacionais nos próximos meses”, explicou Diaz.

Em nota, a Fapesp informou que as propostas do edital foram altamente qualificadas e envolveu grupos de pesquisa de alto nível ligados aos temas do Edital.

“Devido à alta competitividade da chamada, o processo de avaliação envolveu um sistema complexo de avaliação por pares, com mais de 190 pareceres de assessores internacionais e nacionais externos ao Estado de São Paulo. Apenas 5 propostas foram aprovadas, resultando em uma taxa de aprovação de 13% , a mais baixa da história do programa dos CEPIDs da Fapesp”, disse a nota.