05/08/2025 - 13:59
O governo do México apresentou, nesta terça-feira (5), um plano para fortalecer a estatal Petróleos Mexicanos (Pemex), a maior empresa do país, que nos últimos 20 anos viu sua dívida dobrar e sua produção diminuir em mais de 50%.
As ações contemplam reverter um declínio prolongado de sua produção petrolífera, causado pelo envelhecimento de suas reservas e pela falta de investimento.
O projeto inclui a implementação de 12 bilhões de dólares (cerca de R$ 66 bilhões) em títulos, anunciada na semana passada pelo governo da presidente Claudia Sheinbaum, além de um fundo de investimentos de valor semelhante com garantia do governo federal.
A mandatária estimou que o apoio da Secretaria de Fazenda à empresa será necessário apenas até 2026, pois “a partir de 2027, a Pemex seguirá sozinha”.
A petrolífera — maior contribuinte para as finanças públicas do país — também se beneficiará de um novo regime tributário aprovado em março, que reduziu sua carga fiscal.
– Dívida pesada –
Sheinbaum responsabilizou os governos que antecederam Andrés Manuel López Obrador (2018-2024) pelo aumento da dívida da companhia e por abandonarem os investimentos na produção, cujo declínio também é atribuído ao envelhecimento das reservas de petróleo.
“Eles apostam na produção privada [deste hidrocarboneto], desmantelam a Pemex, produzem cada vez menos e a endividam cada vez mais (…) Eles quebraram a empresa”, afirmou.
O secretário de Fazenda, Édgar Amador, afirmou que a dívida da estatal teve um aumento de 129,5% entre 2008 e 2018, quando chegou a US$ 105,8 bilhões (aproximadamente R$ 410 bilhões, na cotação da época).
Até o segundo trimestre deste ano, a petrolífera ainda arcava com uma pesada dívida de 98,8 bilhões de dólares (R$ 544,5 bilhões), de acordo com seu relatório financeiro.
No entanto, Amador estimou que, até dezembro, cairá para 88,8 bilhões de dólares (R$ 489,4 bilhões) e para 77,3 bilhões (R$ 426 bilhões) em 2030.
– Reativar campos petrolíferos –
Quanto à produção, a Pemex passou de um pico de 3,4 milhões de barris diários (bd) em 2004 para 1,6 milhão bd no segundo trimestre de 2025.
Para reverter este declínio, a estatal está “reativando a produção de campos ainda com potencial”, afirmou seu diretor, Víctor Rodríguez, na mesma coletiva de imprensa.
“Ainda temos vastos recursos petrolíferos que precisamos aproveitar”, acrescentou.
O objetivo do governo mexicano é garantir uma produção estável de petróleo de 1,8 milhão bd, destinada principalmente ao refino.
A estatal também está “reconstruindo todo o sistema de petroquímica” e aproveitará as salmouras petrolíferas para a produção de lítio, explicou.
Rodríguez anunciou, ainda, que a empresa está “reduzindo as emissões de gases de efeito estufa em 14%”.
Também serão construídos três gasodutos no sul do país.