O projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) passará por reformulações estruturais profundas. O anúncio foi feito na tarde desta terça-feira (22), pelo secretário estadual de Segurança, Roberto Sá, em coletiva no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC).

A partir de agora, as unidades, que antes eram vinculadas à Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), uma instância independente dos batalhões que respondia diretamente ao comando da Polícia Militar, passarão a responder aos batalhões de suas áreas. Com isso, cerca de 3 mil policiais que estavam fazendo trabalhos administrativos nas UPPs, um terço do total, passarão a realizar patrulhamento nas ruas.

Outra mudança será a criação de um batalhão de UPP para cuidar do Complexo do Alemão e do Complexo da Penha, regiões que voltaram em parte a serem dominadas pelo crime organizado. O batalhão será comandado por um coronel a quem serão subordinadas as oito UPPs das duas comunidades.

O projeto das UPPs está completando dez anos de implantação, desde o início dos trabalhos no Morro Dona Marta, em Botafogo, primeira comunidade pacificada dentro do conceito de polícia de proximidade. O sistema se contrapõe aos métodos tradicionais de operações de enfrentamento, sempre com muitos mortos e feridos, nos quais a polícia entra nas favelas, troca tiros com criminosos e depois se retira, sem modificar a realidade local.

Dos 3 mil policiais que deixarão as UPPs, 1.100 serão alocados na capital, 900 na Baixada Fluminense, 550 em Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, 300 vão para o Batalhão de Vias Expressas (BPVE) e 150 para o Batalhão Turístico (BPTur).

Corrupção

Sá negou que a união dos militares das UPPs com os dos batalhões possa “contaminar” os efetivos das unidades, que são em sua quase totalidade soldados e oficiais jovens que entraram nos últimos concursos da PM, sem vícios ou desvios de conduta.

“Quando se colocou policiais novos, não significava que os antigos eram corruptos. Muito pelo contrário. Nós temos uma maioria muito grande de policiais antigos, muitos se aposentando, com uma carreira muito digna, que poderiam ter trabalhado lá [nas UPPs]”, disse Sá.

O comandante da PM, coronel Wolney Dias, defendeu que a corrupção vem da sociedade para dentro da tropa. “Nos nossos bancos escolares não ensinamos ninguém a ser corrupto. Isso vem de fora para dentro. Os valores que são praticados dentro da Polícia Militar são os valores naturalizados pela sociedade. Se você acha que a polícia é muito corrupta, é porque a nossa sociedade é muito corrupta”, afirmou Wolney.