O governo francês já trabalha para evitar que a divisão de energia da Alstom seja vendida para a americana General Electric (GE). Em entrevista ao jornal Le Monde, o ministro da Indústria da França, Arnaud Montebourg, afirmou que estuda “soluções alternativas” para a Alstom, uma das maiores companhias do país.

De acordo com a agência de notícias Bloomberg, a medida mais radical seria a intervenção no negócio. Uma lei de 2005 permite ao governo francês barrar aquisições de empresas consideradas estratégicas. Ela foi aprovada sob a pressão de rumores de que a PepsiCo negociava, na época, a compra da Danone.

Patrimônio nacional

Além disso, a venda da Alstom representaria o desperdício de dinheiro público. O motivo é que a companhia praticamente foi resgatada de uma situação de falência em 2004 por uma injeção de capital de 4,4 bilhões de euros, coordenada pelo governo e por bancos. A crise fora detonada em 2003, devido a problemas com uma unidade de turbinas a gás comprada pela Alstom da ABB.

A Alstom é uma das maiores fabricantes de equipamentos para geração e transmissão de energia do mundo. É líder na tecnologia de turbinas para hidrelétricas e é a terceira maior no mercado de transmissão de eletricidade. Cerca de 20% de sua força de trabalho, ou 18.000 pessoas, estão na França.

Segundo a Bloomberg, o conselho de administração da Alstom vai se reunir nesta sexta-feira 25 para discutir a oferta da GE. O negócio é avaliado em US$ 13 bilhões, e a GE teria muito fôlego para bancá-lo, já que conta com um caixa de US$ 89 bilhões. O acordo, porém, deixaria de fora a divisão de trens da Alstom, que fabrica, por exemplo, os trens de alta velocidade usados na França.

Sem concorrentes

A proposta faz parte da estratégia de Jeffrey Immelt, presidente global da GE, para reposicionar a companhia. Desde que assumiu, Immelt tem focado a GE na indústria de base, com aquisições, por exemplo, no setor de óleo e gás.

Os observadores consideram improvável que sua oferta desperte uma disputa pela Alstom com outros concorrentes. A alemã Siemens, também uma gigante no setor de energia, enfrentaria problemas com os órgãos de concorrência da Europa, caso tentasse comprar a empresa francesa. Assim, o único obstáculo no caminho da empresa americana parece ser, mesmo, o governo francês.