03/07/2020 - 9:26
O presidente francês, Emmanuel Macron, nomeou nesta sexta-feira (3) um substituto ao seu popular primeiro-ministro Edouard Philippe para iniciar uma mudança política, tendo em vista o final de seu mandato de cinco anos.
Jean Castex, um conservador prefeito de uma cidade pequena, está longe de ser uma figura política proeminente. Foi nomeado no início da tarde, poucas horas após a renúncia de Philippe.
Colaborador do ex-presidente Nicolas Sarkozy (2007-2012), Jean Castex, de 55 anos, prefeito pelo LR (Os Republicanos) de Prades, no sudoeste da França, assumiu em abril a coordenação da estratégia de fim do confinamento.
“Ele é um alto funcionário público completo e versátil, que se dedicará em reformar o Estado e conduzir um diálogo pacífico com os territórios”, explicou o Palácio do Eliseu.
Este homem de perfil discreto, pouco exposto até agora, será responsável por fazer cumprir as orientações decididas por Emmanuel Macron até a próxima eleição presidencial de 2022, enquanto o chefe de Estado pretende “se reinventar”.
A mudança no gabinete era considerada iminente desde a derrota sofrida pelo partido de Macron, A República Em Marcha (LREM), nas eleições municipais de domingo, marcadas por um índice de abstenção histórico e pelo avanço dos Verdes em várias cidades importantes do país.
Os líderes da oposição criticaram a escolha de Castex como a de um presidente que deseja ter todas as cartas nas mãos para seguir sua política e se preparar para a eleição presidencial sem ser prejudicado por um primeiro-ministro que o ofuscaria.
“Poderíamos esperar por uma mudança política, mas foi tecnocrática, com alguém chamado para administrar os assuntos correntes”, denunciou o presidente do LR, Christian Jacob.
Com a nomeação de Jean Castex, “o presidente da República confirma sem surpresa sua direção. O dia seguinte será de direita, como o dia anterior”, afirmou o líder do do Partido Socialista, Olivier Faure.
Enquanto espera a substituição, o governo demissionário despacha os assuntos correntes. A composição da nova equipe deverá ser revelada até a próxima quarta-feira, data prevista para a próxima reunião de gabinete, de acordo com a presidência.
Este novo governo “implementará a nova etapa do quinquênio, o projeto de reconstrução social, econômica, ambiental e local”, afirmou o Eliseu.
O governo enfrenta um período complicado, com a inédita mobilização do movimento dos “coletes amarelos”, a greve contra a reforma da Previdência e o descontentamento dos profissionais da saúde.
Neste contexto, Emmanuel Macron havia anunciado a necessidade, nas suas palavras, de “se reinventar”, no momento em que não é muito popular e o país se prepara para sofrer um forte impacto econômico como resultado da pandemia.
“Tenho minha parte na culpa. Às vezes, considerei que era necessário avançar rapidamente em certas reformas. Isso só pode funcionar por meio do diálogo. Tenho muita ambição para o nosso país. Às vezes, transmiti a sensação de querer fazer reformas contra as pessoas”, disse em uma entrevista publicada na imprensa regional nesta sexta-feira.
No entanto, “a direção que tomei em 2017 permanece verdadeira”, reafirmou.
O próximo gabinete será responsável pela implementação do “novo caminho” que Emmanuel Macron começou a desenhar, tendo como prioridade as políticas de saúde, os idosos e um plano para a juventude.
Mesmo que negue, a mudança também permitirá que Emmanuel Macron permaneça com os olhares voltados para a próxima eleição presidencial em 2022.
Para esse “governo de combate”, “teremos poucas prioridades: reviver a economia, continuar a reconstruir nossa previdência social e o meio ambiente, restabelecer uma ordem republicana justa, defender a soberania europeia”, declarou o presidente à imprensa, antes de afirmar que “novos rostos, novos talentos e personalidades de diferentes origens eram necessários”.
“A escolha de homens e mulheres é importante, mas as ambições para o país são maiores do que nós”, afirmou.