Por Maayan Lubell

JERUSALÉM (Reuters) – A coalizão do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, mergulhou no caos nesta segunda-feira, depois que protestos em massa durante a noite contra a demissão de seu chefe de Defesa aumentaram a pressão sobre o governo para interromper o projeto contestado de reformular o Judiciário.

Netanyahu deve fazer uma declaração televisionada nesta segunda-feira anunciando a suspensão dos planos, que ele diz serem necessários para restaurar o equilíbrio do sistema de governo, mas que os críticos veem como uma ameaça à democracia.

Em meio a relatos de que sua coalizão nacionalista-religiosa corria o risco de colapso, o pronunciamento foi adiado enquanto Netanyahu se reunia com os líderes dos partidos.

O ministro da Justiça, Yariv Levin, que lidera o processo, disse que, como membro do partido governista Likud, respeitaria qualquer decisão que Netanyahu tomasse.

“Uma situação em que cada um faz o que quer pode provocar a queda instantânea do governo e o colapso do Likud”, afirmou ele em um comunicado. “Todos devemos nos esforçar para estabilizar o governo e a coalizão.”

Enquanto isso, dezenas de milhares de manifestantes voltaram às ruas de Tel Aviv e Jerusalém, muitos agitando as bandeiras israelenses azuis e brancas que se tornaram um emblema dos protestos.

NOITE DE PROTESTOS

Mais cedo, uma autoridade do partido governista Likud e outra fonte intimamente envolvida na legislação disseram que Netanyahu suspenderia a reforma, que provocou algumas das maiores manifestações de rua da história de Israel e atraiu uma rara intervenção do chefe de Estado.

“Pelo bem da unidade do povo de Israel, pelo bem da responsabilidade, peço que parem o processo legislativo imediatamente”, disse o presidente Isaac Herzog no Twitter.

A dura advertência de Herzog, cuja função é em grande parte cerimonial e deve estar acima da política, ressaltou o alarme causado pelas propostas, as quais fortaleceriam o controle político sobre as nomeações judiciais e permitiriam que o Parlamento prevalecesse diante da Suprema Corte.

Houve uma noite dramática de protestos em cidades de Israel após o anúncio de Netanyahu de que havia demitido o ministro da Defesa, Yoav Gallant, por se opor aos planos.

Um dia antes, Gallant havia feito um apelo na TV para que o governo suspendesse seus planos, alertando que a profunda divisão que havia aberto na sociedade israelense estava afetando os militares e ameaçando a segurança nacional.

Durante cenas caóticas no Knesset na manhã de segunda-feira, membros da oposição no parlamento atacaram Simcha Rothman, presidente do comitê que conduziu o projeto de lei, com gritos de “Vergonha! Vergonha!”, e acusações comparando o projeto de lei a grupos militantes islâmicos que querem a destruição de Israel.

À medida que a oposição ao projeto se espalha, o chefe do sindicato trabalhista Histadrut convocou uma greve geral se as propostas não forem interrompidas.

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