20/07/2025 - 12:34
Após campanha marcada por insatisfação com alta de preços e crescente sentimento contra estrangeiros, projeções indicam que governo do primeiro-ministro Shigeru Ishiba saíra ainda mais enfraquecido.Pesquisas de boca-de-urna indicam que a coalizão de governo do Japão deverá perder sua maioria no Senado do país, aumentando a pressão sobre o já enfraquecido primeiro-ministro do país, Shigeru Ishiba, que está há menos de um ano no cargo e que agora deve ficar sem maioria nas duas Casas do Congresso.
Eleitores da quarta maior economia do mundo foram às urnas no início deste domingo (20/07) para a eleger metade da composição da Câmara dos Conselheiros, equivalente ao Senado no Japão, após uma campanha marcada por frustração pública com o aumento dos preços, ameaça de tarifas dos EUA e pequenos partidos que exploraram o crescente sentimento contra estrangeiros no país.
A coalizão liderada por Ishiba precisava conquistar de 50 assentos para manter o controle do Senado de 248 assentos. Fechadas as urnas, uma pesquisa de boca de urna da emissora pública NHK projetou que a coalizão deve conquistar menos que a marca necessária.
Ishiba já tinha perdido em outubro sua maioria na Câmara dos Deputados. As eleições de 20 de julho eram encaradas como cruciais para Ishiba e sua coalizão, formada pelo Partido Liberal Democrata (PLD) – que dominou a política local desde o fim da Segunda Guerra Mundial – e o budista Komeito.
Desde a perda maior ana Câmara, o Executivo tem tido dificuldades para recuperar o apoio público, diante da falta de conquistas notáveis e do desgaste pela persistente inflação, com a “crise do arroz” como referência simbólica, bem como o potencial impacto da guerra comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no ar pela falta de avanços claros nas negociações bilaterais.
Nos últimos anos, uma derrota eleitoral desse tipo geralmente levava à renúncia do primeiro-ministro. Ishibda, no entanto, disse que pretende permanecer no cargo para liderar o Japão enquanto o país está na expectativa de fechar um acordo comercial com os EUA diante da iminência de imposição de tarifas.
“Estamos envolvidos em negociações tarifárias extremamente críticas com os Estados Unidos… nunca devemos arruinar essas negociações”, disse ele em uma coletiva de imprensa após prometer permanecer como líder do partido durante as negociações comerciais.
Ascensão de partido “Japão em primeiro lugar”
A eleição deste domingo também foi maracada pelo crescim,ento do partido populista de direita Sanseito, que complicou a disputa.
Antes um movimento marginal, que espalhava teorias da conspiração sobre vacinas e elites globais durante a pandemia de covid-19, o partido ganhou força nas últimas semanas com força usando uma campanha estilo “Japão em primeiro lugar”, com críticas à imigração, ao número de turistas estrangeiros, ao “globalismo” e ao capital estrangeiro.
Pesquisas de boca de urna indicam que o Sanseito poderia conquistar pelo menos 7 cadeiras, atraindo especialmente os eleitores jovens do sexo masculino.
Seu líder, Sohei Kamiya, foi comparado ao americano Donald Trump e à AfD da Alemanha por sua postura antiestablishment e uso das redes sociais.
No domingo, a entrevista de um candidato do Sanseito à agência de notícias russa Sputnik gerou polêmica e levou Kamiya a negar vínculos com a Rússia, segundo a agência de notícias AFP.
jps (DW, EFE, ots)