16/02/2024 - 12:41
O Palácio do Planalto dispensou um diplomata que trabalhava na Secretaria de Comunicação Social (Secom) após identificar que ele esteve na reunião ministerial de 5 de julho de 2022, quando o então presidente Jair Bolsonaro (PL) conclamou seus ministros e secretários a agirem contra o sistema eleitoral do País. A reunião é peça-chave na investigação da Polícia Federal (PF) que apura tentativa de golpe de Estado e ruptura do Estado Democrático de Direito.
Comarci Eduardo Moreaux Nunes Filho era um dos três servidores do Ministério das Relações Exteriores presentes na reunião. À época, ele era assessor técnico da Secretaria-Geral da pasta e acompanhava Fernando Simas Magalhães, titular da Secretaria-Geral e representante do então chanceler Carlos França no encontro. Também estava na reunião o embaixador André Chermont de Lima, que ocupava a chefia do cerimonial da Presidência.
Procurada, a Secom afirmou que Nunes Filho foi convidado em dezembro de 2023 para integrar uma equipe que atua na produção de material relativo ao G20, o encontro das maiores economias do mundo. Ele chegou a participar de reuniões do atual governo e estava em um período de transição para ser oficialmente designado na equipe, com nomeação no Diário Oficial da União (DOU). Em dezembro, o Brasil assumiu a presidência rotativa do bloco.
Em nota, o órgão disse que o diplomata “estava tomando par das atividades que iria exercer e, por isso, chegou a participar de algumas reuniões”. A transição, no entanto, foi suspensa. “Diante de novas informações”, segundo a pasta, o processo da integração de Nunes Filho foi interrompido.
Diplomatas seguem em suas atribuições
Com a dispensa, o diplomata deve retornar ao setor de imprensa do Itamaraty. Os outros diplomatas que estavam na reunião seguem em suas atribuições no ministério. Simas Magalhães é embaixador do Brasil em Haia, nos Países Baixos, e Chermont de Lima foi designado como cônsul-geral do País em Tóquio, no Japão.
Tanto Simas Magalhães quanto Chermont de Lima foram nomeados para os respectivos cargos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A reportagem tentou contato com Comarci Nunes Filho, mas não obteve retorno.