A Secretaria de Políticas Econômicas (SPE) do Ministério da Fazenda elevou as projeções para para a inflação. Segundo os dados do Boletim Macrofiscal, divulgado nesta quinta-feira, 18, a previsão para o IPCA avançou de 3,70% para 3,90% em 2024, e de 3,20% para 3,30% em 2025.

“Essa estimativa já leva em consideração os impactos do câmbio mais depreciado e da calamidade no RS nos preços, além dos reajustes recentes anunciados para os preços da gasolina e GLP. (…) Para 2025, a previsão de inflação medida pelo IPCA foi revisada principalmente para incorporar a expectativa de maior cotação do dólar, mas a perspectiva de desinflação permanece, devendo ser observada tanto para preços livres como para monitorados”, diz o boletim.

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A meta estipulada pelo governo para a inflação é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.

Para a inflação medida pelo INPC, índice usado para a correção do salário mínimo e reajustes salariais, a projeção é de 3,65% em 2024 e 3,15% em 2025.

No último relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira, 15, os analistas de mercado consultados pelo Banco Central projetaram IPCA de 4,00% em 2024 e de 3,90% no ano que vem.

Governo reduz previsão para PIB de 2025

Já a estimativa da Fazenda para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2024 foi mantida em 2,5%.

Para 2025, a projeção de expansão foi revisada de 2,8% para 2,6%.

“A calamidade no RS em maio explica parcialmente a desaceleração no
crescimento no trimestre, afetando principalmente as estimativas de expansão da agropecuária e da indústria de transformação. O crescimento de 0,6% na margem equivale à expansão interanual de 1,9% e à alta de 2,1% no acumulado em quatro trimestres”, diz o documento.

Segundo a Fazenda, os impactos negativos das enchentes no RS devem ser compensados por medidas de suporte às famílias, empresas e aos governos estadual e municipais. “O vigor das vendas no varejo e a demanda crescente por serviços prestados às famílias, repercutindo a geração de novos postos de trabalho, o avanço da massa de rendimentos e as condições menos restritivas de crédito, seguem como os principais vetores de crescimento em  2024, acompanhados pela recuperação dos investimentos em função da expansão na absorção de bens de capital projetada para o ano”, acrescenta.

O crescimento projetado pelo governo é mais otimista do que o previsto atualmente pelos analistas de mercado e órgãos internacionais. O FMI reduziu na semana passada a estimativa de crescimento do Brasil neste ano para 2,1%, 0,1 ponto percentual a menos do que o calculado em abril.

Expectativa de contingenciamento de verbas

As projeções da SPE balizam a programação de receitas e despesas orçamentárias do governo. O novo relatório bimestral de avaliação fiscal, a ser divulgado na próxima segunda-feira, é aguardado com ansiedade por agentes do mercado pela expectativa de que o governo anuncie um bloqueio ou contingenciamento de verbas para respeitar o arcabouço fiscal.