14/03/2022 - 9:18
O aumento no preço da gasolina e do diesel vendido às distribuidoras pela Petrobras preocupa o governo de Jair Bolsonaro em relação a uma paralisação dos caminhoneiros. Enquanto as entidades de classe negociam o repasse do reajuste ao frete, alguns protestos já foram realizados nas estradas brasileiras neste fim de semana.
No último sábado (12), caminhoneiros fizeram um bloqueio com pneus queimados na BR-116, no sudoeste da Bahia, o que gerou um congestionamento de 15 km. Agentes da Polícia Rodoviária Federal liberaram a pista por volta das 17h.
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Na última sexta (11), segundo o G1, outro grupo de caminhoneiros fechou a Avenida Transnordestina próximo à cidade de Feira de Santana (BA), a 100 km de Salvador.
Embora evitem falar abertamente em uma greve, as entidades de classe dos caminhoneiros criticam a política de preços adotadas pela Petrobras que estipula o valor dos combustíveis conforme o preço do barril de petróleo no mercado internacional.
Em nota, a Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava) diz que os caminhoneiros seguem “reféns do mercado financeiro com a variação do dólar somado ao preço do barril de petróleo e, como consequência, esfolaremos os brasileiros que não irão mais conseguir comprar nem gás de cozinha, nem abastecer o carro, ou caminhão, para trabalhar”.
Já Carlos Alberto Litti Dahmer, diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), diz que aguarda as negociações de frete com as empresas antes de decidir por uma paralisação. No entanto, “não terá outra solução a não ser encostar o caminhão”, disse.
Em Minas Gerais, o Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Sinditanque-MG) decide nesta segunda (14) se vai paralisar suas atividades contra o aumento no preço dos combustíveis.
A Petrobras anunciou na última quinta-feira (10) um reajuste no preço da gasolina (18,8%), diesel (24,9%) e gás de cozinha (16%).
Reação do governo
Em áudio vazado direcionado ao caminhoneiro Wanderlei Alves, o Dedeco, um dos líderes da greve de 2018, o ministro da Infraestrutura e candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou que acha “muito correto” uma eventual paralisação dos caminhoneiros.
Em nota, o ministério da Infraestrutura negou um apoio de Freitas à greve. “O ministro mantém canal aberto com a categoria e já defendeu abertamente, inúmeras vezes, que as principais questões que afetam o setor são correlatas ao próprio mercado. Cabe aos próprios trabalhadores dialogarem entre si para buscar as melhores soluções. Em nenhum momento, o ministro apoiou uma greve”.
Já o presidente Bolsonaro pediu, no último sábado (12), a “compreensão” dos caminhoneiros. “Alguns falam em greve. Sei disso. Lamento. Espero que não haja”, disse o presidente ao Estado de São Paulo.
A pedido do governo, o Congresso aprovou rapidamente um projeto para reduzir o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos combustíveis e reduzir o impacto do aumento provocado pela Petrobras.
Governador da Bahia, Wellington Dias (PT) criticou a medida e disse à agência Reuters que o problema não é o ICMS, mas a política de preços da Petrobras.
O governo estima que o projeto de redução do ICMS reduza em até R$ 0,60 o preço do diesel nos postos de combustíveis – o reajuste da semana passada elevou o preço em R$ 0,90.
Já o ministro da Economia, Paulo Guedes, estuda um subsídio temporário do diesel caso a guerra na Ucrânia prolongue-se. Este subsídio cobriria os R$ 0,30 restantes e zeraria, temporariamente, o aumento da Petrobras sobre o combustível.