16/12/2025 - 18:29
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta terça-feira, 16, que a distribuidora italiana de energia Enel perdeu condições de continuar operando em São Paulo e que o governo federal vai pedir a caducidade da concessão da companhia. Ou seja, um rompimento de contrato.
Segundo o ministro, a Enel perdeu condições de seguir operando em São Paulo, inclusive do ponto de vista reputacional.
O ministro se reuniu nesta terça-feira com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, e com o governador do Estado, Tarcísio de Freitas.
Procurada pela IstoÉ Dinheiro, a Enel ainda não comentou o assunto.
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Uma forte ventania na quarta-feira passada afetou o fornecimento de energia elétrica de milhões de consumidores da Enel na região metropolitana de São Paulo, que atende mais de 8 milhões de clientes. No final da sexta-feira, Justiça de São Paulo determinou o restabelecimento imediato do fornecimento, sob pena de multa de R$ 200 mil por hora pelo descumprimento.
A demora para restabelecer o serviço fez Tarcísio e Nunes pedirem intervenção federal na concessionária de energia, cujo contrato vale até 2028 e a renovação antecipada chegou a ser analisada pelo governo federal. A concessionária tem se defendido com a alegação de investimento recorde para modernizar a rede elétrica desde que assumiu a concessão, em 2018. Entre este ano e 2027, o plano prevê R$ 10,4 bilhões. A empresa também diz ter intensificado manutenções preventivas e duplicado o número de podas de árvores em contato com a rede.
“Estamos completamente unidos – governo federal, do Estado e do município de São Paulo – para que a gente inicie um processo rigoroso regulatório. Esperamos que a Aneel possa dar a resposta o mais rápido possível ao povo de São Paulo”, disse Silveira, após reunião de quase três horas a portas fechadas com Tarcísio e Nunes.
O encontro ocorreu após o governador e o prefeito cobrarem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) presencialmente em encontro na sexta-feira, 12. Antes, o ministro havia afirmado até que Tarcísio e Nunes faziam “disputa política” sobre um evento climático extremo.
“Não há outra alternativa há não ser a caducidade. O governo estadual, federal e municipal estão na mesma página. Saímos com isso acordado para iniciar o processo de caducidade”, afirmou Tarcísio.
A Enel tem destacado que os ventos na semana passada atingiram quase 100 km/h, o que resultou em centenas de árvores caídas. A empresa diz ainda ter mobilizado até 1.800 equipes para os reparos.
Esse número é contestado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), que diz ter identificado uma quantidade bem menor de veículos da empresa nas ruas por meio do sistema municipal de câmeras.
Na última semana, moradores relataram diversos transtornos, desde a perda de estoque até dificuldades para trabalhar e interrupções no fornecimento de água, também prejudicado pelo blecaute.
A nova crise de energia – após episódios semelhantes em 2023 e 2024 – fez a empresa voltar aos holofotes, com pedidos de intervenção federal pelas autoridades de São Paulo. Uma das preocupações é sobre a renovação antecipada da concessão com a empresa italiana, cujo contrato é válido até 2028.
Nove dias antes do blecaute, a área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) já havia recomendado que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) avaliasse a possibilidade de intervenção federal na Enel.
A auditoria destacou que a concessionária não teria cumprido sete dos onze Planos de Resultados firmados. Também disse que penalizações não têm sido eficazes, diante da judicialização das multas aplicadas pelo órgão regulador (de mais de R$ 260 milhões).
Nesta segunda, 15, Tarcísio já havia dito que a União não pode empurrar a renovação com a empresa ‘goela abaixo”. Na semana passada, o ministro do governo Lula chegou a dizer que Nunes e Tarcísio faziam “disputa política” com o evento extremo climático.
Com informações do Estadão Conteúdo
