O GPA registrou prejuízo líquido consolidado de R$1,1 bilhão no quarto trimestre do ano passado, bem acima da perda de R$303 milhões no mesmo período do exercício anterior, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira pela empresa, que citou efeito de temas estruturantes e excepcionais no período.

No caso das operações continuadas, o prejuízo do dono da rede de supermercados Pão de Açúcar somou R$737 milhões, também muito acima da perda de R$91 milhões um ano antes.

A companhia explicou que avançou nos últimos três meses de 2024 em questões relevantes e estruturantes para o longo prazo que somaram um efeito negativo de R$385 milhões no resultado, sendo R$272 milhões no resultado continuado e R$113 milhões no resultado descontinuado.

“O efeito caixa destes temas está concentrado, principalmente, aos parcelamentos dos acordos tributários, que proporcionaram redução dos valores em discussão, e aos gastos com rescisões no projeto de reestruturação administrativa, que trarão economias estimadas em cerca de R$100 milhões em 2025”, disse a empresa em comunicado.

O GPA também citou efeito excepcional de provisões tributárias e trabalhistas, totalizando um impacto negativo de R$503 milhões, sendo R$291 milhões no resultado continuado e R$211 milhões no resultado descontinuado, com efeito caixa esperado no longo prazo e possibilidade de acordos no interim.

Excluindo esses efeitos, o prejuízo líquido das operações continuadas seria de R$174 milhões e o das operações descontinuadas — que entra no cálculo do resultado consolidado — passaria para R$43 milhões.

Projeções de analistas compiladas pela LSEG apontavam prejuízo líquido de R$193,16 milhões para o período.

No campo operacional, o GPA apurou crescimento de 6,9% na receita líquida ano a ano, para 5,22 bilhões de reais, enquanto o Ebitda ajustado consolidado aumentou 25,4%, para R$498 milhões, com margem crescendo 1,4 ponto percentual, para 9,5%. As despesas com vendas, gerais e administrativas caíram 0,2%.

As projeções compiladas pela LSEG apontava receita de R$5,166 bilhões e Ebitda de R$464,14 milhões.

As vendas mesmas lojas registraram um aumento de 9,6% no quarto trimestre. A bandeira Pão de Açúcar mostrou crescimento de 10,2% e do Extra Mercado apurou elevação de 10,3% nessa linha do resultado.

De acordo com o GPA, o e-commerce registrou expansão de 16,2% na receita, com a penetração nas vendas totais atingindo 12,2%.

No quarto trimestre, o grupo abriu 29 lojas do formato de proximidade, sendo 14 Minuto Pão de Açúcar, 12 Mini Extra e 3 Pão de Açúcar Fresh. Em todo o ano de 2024, foram inauguradas 60 novas lojas, sendo 59 no formato de proximidade e 1 loja da marca Pão de Açúcar.

ALÍVIO NO ENDIVIDAMENTO

O resultado financeiro líquido do grupo pré-IFRS ficou negativo em R$190 milhões, ante desempenho negativo de R$51 milhões um ano antes.

A companhia citou uma queda de 74% nas receitas financeiras, afetada pelo reconhecimento da marcação a mercado da fatia no Éxito no quarto trimestre de 2023, que gerou um efeito positivo de R$139 milhões. Excluindo isso, a redução seria de 27,4%, por menor posição de caixa e redução da taxa de remuneração.

As despesas financeiras, por sua vez, caíram 7,7%, decorrente da redução da dívida bruta e da taxa de juros.

Nos 12 meses encerrados em dezembro de 2024, a dívida líquida, excluindo os recebíveis não descontados, foi reduzida em R$911 milhões, em razão principalmente da venda de ativos não core e pela oferta pública primária de ações, que juntas totalizaram R$1,8 bilhão, além do fortalecimento operacional.

Assim, a dívida líquida, incluindo o saldo de recebíveis não antecipados, encerrou o período em R$1,3 bilhão e alavancagem financeira calculada pela relação entre a dívida líquida e o Ebitda ajustado consolidado pré-IFRS 16 (incluindo despesas com aluguéis) caiu a 1,6 vez, de 5 vezes um ano antes.

O GPA ressaltou que, na variação de outros ativos e passivos operacionais, observou, na comparação entre 2024 e 2023, uma redução decorrente do menor efeito líquido da monetização de créditos tributários, que, a partir de 2024, retornaram a patamares mais normalizados.

Os investimentos (capex ajustado) em expansão, reformas, conversões, manutenções, TI, digital e logística somaram R$178 milhões no quarto trimestre do ano passado, acima dos R$164 milhões registrados no mesmo período de 2023.