Do mesmo jeito que as Havaianas remetem ao País, cosméticos e xampus nacionais ganharam uma “cara” de Brasil lá fora – e têm conquistado mais espaço no exterior. Na mira das empresas brasileiras que querem aproveitar essa tendência, estão principalmente os Estados Unidos, maior mercado de beleza no mundo. Com baixa concentração e potencial de expansão, o segmento caminha para quebrar a marca de US$ 100 bilhões em valor de mercado nos próximos anos, prevê estudo da Mordor Intelligence.

O potencial desperta o interesse de diferentes marcas do Brasil, que ocupa a quarta posição no ranking global. Há nomes como a Prestige Cosméticos, que distribui marcas de luxo de perfumes e fragrâncias internacionais no Brasil, bem como a Skala, fabricante que criou o “potão” com um quilo de creme por menos de R$ 10. Recentemente, a Granado, que começou sua história no Rio de Janeiro em 1870, inaugurou sua primeira loja nos EUA.

“Há vários segmentos com potencial como o de fragrâncias e perfumes, skincare (cuidados com a pele), na parte de makeup (maquiagem)”, diz o sócio do Grupo Leste Eduardo Karrer. “Há uma gama de marcas brasileiras com apelo muito grande no exterior. Tem uma questão de brasilidade com altíssima qualidade, isso tem uma pegada muito importante.”

Foi o que motivou o Grupo Leste a comprar uma fatia de 49% da Prestige, líder na distribuição de marcas de luxo de perfumes e cosméticos no Brasil. É o primeiro investimento de private equity feito pelo braço do fundo brasileiro, baseado em Miami. A ideia é investir entre US$ 20 milhões (R$ 106 milhões) e US$ 50 milhões (R$ 264 milhões) em negócios do mercado de luxo e que busquem a internacionalização como estratégia. O investimento na Prestige “ficou nessa faixa”, diz Karrer.

Por ora, o Grupo Leste tem olhado investimentos específicos, mas a ideia é estruturar um fundo para apoiar empresas que buscam crescer no mercado americano, em até dois anos.

O Advent, por sua vez, comprou o controle da fabricante de cosméticos Skala, fundada no Brasil em 1986. Um dos motes é exatamente apoiar a internacionalização da marca, que caiu no gosto das brasileiras com cabelos crespos, cacheados e ondulados. “Temos planos ambiciosos para a companhia e uma forte experiência de internacionalização de empresas”, diz o diretor da Advent em São Paulo e corresponsável pela prática de consumo e varejo na América Latina, Rafael Patury. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.