03/11/2022 - 16:03
PARIS (Reuters) – Algumas das geleiras mais famosas do mundo, incluindo nas Dolomitas, na Itália, nos parques de Yosemite e Yellowstone, nos Estados Unidos, e o Monte Kilimanjaro, na Tanzânia, devem desaparecer até 2050 devido ao aquecimento global, qualquer que seja o cenário de aumento de temperatura, de acordo com um relatório da UNESCO.
A Unesco, agência cultural da Organização das Nações Unidas (ONU), monitora cerca de 18.600 geleiras em 50 de seus locais do Patrimônio Mundial e disse que as geleiras em um terço das localidades observadas desaparecerão até 2050, independentemente do cenário climático aplicado.
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Enquanto outras geleiras podem ser salvas mantendo o aumento da temperatura global no máximo em 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais, em um cenário de emissões iguais aos padrões de hoje, cerca de 50% das geleiras do Patrimônio Mundial podem desaparecer quase inteiramente até 2100.
“Este relatório é um chamado à ação. Apenas uma rápida redução em nossos níveis de emissões de CO2 pode salvar as geleiras e a biodiversidade excepcional que depende delas”, disse Audrey Azoulay, diretora-geral da Unesco, em um comunicado.
Ela acrescentou que a conferência de clima da COP27 da ONU terá um papel crucial para ajudar a encontrar soluções para esse problema.
As geleiras do Patrimônio Mundial definidas pela Unesco representam cerca de 10% das áreas de geleiras do mundo e incluem algumas das geleiras mais conhecidas do mundo, cuja perda é altamente visível, pois são pontos focais para o turismo global.
O principal autor do relatório, Tales Carvalho, disse à Reuters que as geleiras do Patrimônio Mundial perdem, em média, cerca de 58 bilhões de toneladas de gelo a cada ano, o equivalente ao volume total anual de água usado na França e na Espanha juntas, e contribuem para quase 5% do volume global de elevação do nível do mar.
A Unesco recomenda que, dado o inevitável encolhimento ainda maior de muitas dessas geleiras em um futuro próximo, as autoridades locais devem fazer das geleiras um foco de política, melhorando o monitoramento e a pesquisa e implementando medidas de redução do risco de desastres.
(Reportagem de Manuel Ausloos)