05/03/2024 - 20:33
A intenção da Secretaria de Infraestrutura de Mato Grosso (Sinfra) de reativar, nas rodovias do Estado, a pesagem por eixo de caminhões foi motivo de controvérsia no setor produtivo e das próprias concessionárias das rodovias, conforme nota divulgada hoje pela Associação de Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT). O assunto foi debatido ontem, em audiência pública, na Assembleia Legislativa do Estado.
A pesagem por eixo calcula com mais precisão se a carga está distribuída de forma homogênea na caçamba do caminhão, evitando sobrecarga de algum eixo e maiores desgastes nos caminhões, e também da rodovia. A Sinfra alega, conforme a Aprosoja-MT, que as balanças são necessárias para a preservação da malha asfáltica. Porém, para as concessionárias de rodovias, responsáveis pela manutenção das estradas mato-grossenses, a reativação das balanças entre eixos “não tem viabilidade”, cita a entidade, na nota.
Na avaliação do presidente da Aprosoja-MT, Lucas Costa Beber, os pequenos produtores devem ser os “principais prejudicados”, pois não possuem estrutura de armazenagem ou colheitadeiras com balanças e, justamente por isso, terão de reduzir a carga para terem certeza de que o limite de peso não estará sendo ultrapassado. A umidade dos grãos também pode interferir, disse Beber, pois o mesmo volume de carga pode ter pesos diferentes. “Sem dúvida, vai precisar de mais caminhões, o que aumentará ainda mais o tráfego e o desgaste das rodovias”, argumentou, na nota. Há, além disso, o risco de os caminhões ficarem parados, reduzindo a renda dos motoristas.
A colheita noturna – e, consequentemente, o transporte noturno dos grãos -, que é comum no Estado, também pode encarecer os custos para governo, no que diz respeito à fiscalização das balanças nas rodovias, que teria de ser feita 24 horas por dia, disse. “Quanto isso vai encarecer para o Estado?”, indagou Beber. O dirigente comentou também, na nota, que “não é do interesse de nenhum agricultor ou motorista exceder o peso dos veículos”, já que isso poderia quebrar os caminhões e acarretar prejuízo. “A fiscalização poderia ser feita por notas fiscais; ninguém vai exagerar (na carga), pois um caminhão quebrado também dá prejuízo”, disse, conforme a Aprosoja-MT.
O consultor de logística da Aprosoja-MT, Edeon Vaz Ferrreira, lembrou que “nem mesmo as tradings” têm balanças para pesar por eixo. Defendeu, ainda, que, caso seja decidido pela reativação das balanças nas rodovias, “que seja pelo peso bruto total”, além de “uma margem de tolerância de 10% para que se possa remanejar a carga”.