Depois do surgimento de casos de gripe aviária em países como Argentina, Bolívia e Uruguai, o Brasil tem vivido sob uma grande ameaça. Um dos maiores produtores e exportadores mundiais de aves, o País vem mobilizando uma força-tarefa para tentar evitar o pior dos cenários, com prejuízos de até a R$ 13,5 bilhões para toda a cadeia produtiva, como mostrou um levantamento feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 2020, mas com atualização do valor monetário, considerando apenas variáveis macroeconômicas, como salário, exportação e outros os prejuízos a toda essa cadeia poderiam chegar.

“Haveria também uma perda de 46 mil empregos, não só dentro da cadeia produtiva, mas também dentro de outras cadeias que estão relacionadas com a comercialização de aves, como a de produção de insumos”, disse a pesquisadora do Centro de agronegócio da FGV Agro, Talita Priscila Pinto, no Seminário sobre Defesa Agropecuária (2º Sedagro), realizado pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (ANFFA Sindical), em São Paulo, durante a IV Expomeat (Feira Internacional da Indústria de Processamento de Proteína Animal e Vegetal) no final de março. De acordo com a pesquisadora, o impacto negativo apenas sobre a exportação brasileira, com foco no agronegócio, seria de R$ 7 bilhões.

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Durante o evento, a coordenadora de assuntos estratégicos do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura e Pecuária (DSA/Mapa), Anderlise Borsoi, citou as ações de prevenção contra a doença para evitar o pior. “Estamos trabalhando para que a doença não se instale na avicultura, com várias ações de emergência para detecção precoce”, disse a coordenadora, acrescentando que estão sendo revistas também as exigências dos certificados sanitários com alguns países importadores para evitar que a exportação seja interrompida, tudo com apoio de auditores fiscais federais agropecuários (Affas).

Exportações

As vendas brasileiras de carne de frango (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 379,2 mil toneladas em fevereiro de 2023, de acordo com dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O número supera em 1,3% o total registrado no mesmo período de 2022, quando foram embarcadas 374,5 mil toneladas. Em receita, a alta chega a 11,1%, com US$ 736,3 milhões em fevereiro deste ano, ante US$ 663 milhões no segundo mês de 2022. No acumulado do ano, as vendas de carne de frango alcançaram 800,1 mil toneladas, 10,6% a mais do que o alcançado no primeiro bimestre de 2022, com 723,7 mil toneladas. Já o resultado em receita chegou a US$ 1, 593 bilhão no primeiro bimestre, alta de 24,5% comparado a 2022.

O principal destino das exportações brasileiras de aves, segundo ABPA, é a China, com compras de 111,7 mil toneladas no primeiro bimestre, 23,2% acima do registrado no mesmo período de 2022. Em segundo lugar vem a Arábia Saudita com importação de 62,4 mil toneladas (alta de 71,9%), seguida por África do Sul, com 61,7 mil toneladas (+9,6%); Emirados Árabes Unidos, com 61,2 mil toneladas (-28,5%); Japão, com 60,7 mil toneladas (+10%), e União Europeia, com 40,1 mil toneladas (+15,8%).