24/11/2014 - 10:53
Quando anunciou a compra da distribuidora de ferramentas Anfreixo, do Grupo Votorantim, em abril de 2012, o vice-presidente do grupo americano Grainger, Mike Pulick, disse que estava extremamente animado em atuar no mercado brasileiro. O entusiasmo, porém, durou pouco. Um e-mail interno enviado a clientes na quarta-feira 12, a qual DINHEIRO teve acesso, avisa que a Grainger vai deixar de operar no Brasil em alguns meses. Segundo a carta, “a empresa se esforçou para manter as operações no País, porém, o ambiente de extrema competitividade impediu os planos”. A decisão foi confirmada pelo QG da Grainger, em Chicago. “Nosso objetivo principal era o de conquistar uma posição de liderança no mercado com a aquisição da Anfreixo, mas os recursos exigidos para isso e o ambiente de negócios complexo desafiou nossa habilidade de progresso em curto prazo”, diz o documento. A empresa também diz que nos próximos meses entrará em contato com seus clientes para tratar dos pedidos em aberto e que tem a intenção de cumprir todas as pendências.
Dona de um faturamento estimado em US$ 30 milhões, a Anfreixo sempre esteve longe da liderança do mercado de Manutenção Reparos e Operações no Brasil, que movimenta R$ 20 bilhões ao ano e inclui a distribuição de ferramentas, materiais elétricos e equipamentos de segurança. Criada em 1945 com o nome de Antunes Freixo e especializada na distribuição de ferramentas, a empresa familiar forneceu por muitos anos produtos para as indústrias do Grupo Votorantim. Com planos de expandir, mas sem capital, se juntou ao seu cliente em junho de 2002 passando a ter o Grupo Votorantim como acionista majoritário, nascia a Anfreixo. A operação foi coordenada pelo economista Ernani Antunes Araújo, neto do fundador da Antunes Freixo e que comandou a Anfreixo até o início de 2013. Conforme fontes internas consultadas por DINHEIRO, Antunes não concordava com as novas diretrizes de seu sócio americano e por isso deixou a empresa precocemente.
O objetivo da Grainger, que possui operações no México, Costa Rica, Colômbia, Panamá, era ganhar mercado de seus concorrentes globais que operam no Brasil, um deles o grupo francês Rexel, que em janeiro de 2011 comprou a Nortel Suprimentos Industriais, de Campinas. A forte concorrência e as dificuldades da economia brasileira impediram os planos da empresa. Atualmente, a líder no mercado brasileiro é a Ferramentas Gerais, empresa do Grupo SLC Agrícola que fatura R$ 700 milhões ao ano e atende mais de 120 mil clientes. No mundo, a Grainger tem uma receita de US$ 8,1 bilhões e operações em 23 países. Consultado por DINHEIRO sobre a possibilidade de vender a empresa no Brasil, o porta-voz da companhia Joseph Micucci disse que está fora de cogitação e que, de fato, a Grainger Brasil será fechada.