25/08/2014 - 17:44
O Grupo Votorantim, cujo presidente de honra, Antônio Ermírio de Moraes, faleceu neste domingo 24, começa a dar sinais de que suas contas voltaram ao equilíbrio. Depois de dois anos consecutivos de prejuízos, a Votorantim Participações (VPar), holding que o controla, apresentou um pequeno lucro líquido de R$ 32 milhões no primeiro trimestre, segundo seu balanço mais recente. É verdade que, no mesmo período do ano passado, a holding lucrou R$ 128 milhões, mas aquele resultado positivo foi anulado ao longo de 2013, a ponto de o Grupo encerrar o exercício com um prejuízo de R$ 115 milhões. Foi o segundo ano consecutivo de perdas da Votorantim Participações, desde que passou a publicar seus números, há seis anos. Em 2012, as perdas chegaram a R$ 650 milhões.
A Votorantim é um dos maiores conglomerados empresariais do País, e é dividido em dois braços. Os principais negócios da Votorantim Industrial estão em cimento, metais, mineração e aços longos. A Votorantim Cimentos, por exemplo, é uma das maiores do mundo. A Fibria, fusão da VCP com a Aracruz, é a maior produtora global de celulose de fibra curta. E a Citrosuco é a número um em laranja no mundo. No total, a Votorantim Industrial gerou uma receita líquida de R$ 26,3 bilhões no ano passado, ante os R$ 23 bilhões obtidos em 2012.
A expansão da receita, no entanto, não foi a principal boa notícia do balanço da Votorantim Industrial. Um destaque foi a redução dos resultados negativos de equivalência patrimonial, onde são computados os lucros ou prejuízos de empresas controladas e parcerias. Em 2012, essa linha ficou negativa em R$ 148 milhões. No ano passado, as perdas caíram para R$ 74 milhões. Em 2012, seis das 15 empresas das quais a Votorantim Industrial participava apresentaram resultados negativos totais de R$ 358 milhões. No ano passado, o número de empresas foi o mesmo, mas as perdas caíram para R$ 254 milhões. A Fibria continua sendo a que mais pesa na conta, com um saldo de negativo de R$ 208 milhões em 2013. Com isso, a divisão industrial do Grupo Votorantim conseguiu elevar seu lucro líquido de R$ 87 milhões para R$ 238 milhões.
Recuperação
Já o braço financeiro do Grupo é representado pelo Banco Votorantim, do qual a Votorantim Participações detém 50,1% do capital votante, e o Banco do Brasil possui a fatia restante. O banco é um dos líderes na concessão de crédito automotivo. No ano passado, dominou 75% dos financiamentos para veículos comerciais leves usados. Em 2012, a Votorantim Participações detalhou o desempenho do braço financeiro em seu balanço. Naquele ano, ele havia representado um prejuízo líquido, na holding, de R$ 789 milhões, marcando um aprofundamento das perdas do ano anterior, de R$ 118 milhões.
Já nas demonstrações de 2013, a VPar não abre as contas do braço financeiro. O balanço do Banco Votorantim, no entanto, mostra uma forte redução dos prejuízos, que baixaram de R$ 1,99 bilhão, em 2012, para R$ 512 milhões. Dois fatores contribuíram para o desempenho. O primeiro foi a redução da provisão para devedores duvidosos, o dinheiro que o banco reserva para eventuais calotes. Essa conta caiu de R$ 5,1 bilhões para R$ 3,9 bilhões. A outra linha destacada no balanço foi a queda de 6% das despesas administrativas, que somaram R$ 1,5 bilhão.
No primeiro trimestre deste ano, os números mostram que a holding está recuperando o fôlego. O resultado de equivalência patrimonial, por exemplo, deixou um saldo positivo de R$ 60 milhões, ante as perdas de R$ 105 milhões do mesmo período de 2013. O principal motivo foi a reversão de sinal da contribuição do Banco Votorantim para as contas. Entre janeiro e março deste ano, a instituição deixou um saldo positivo de R$ 44 milhões para a holding, ante as perdas de R$ 120 milhões da base de comparação. Já a Citrosuco foi o destaque negativo, passando de uma contribuição positiva de R$ 1 milhão para perdas de R$ 26 milhões. Não deixa de ser um foco de atenção, mas o balanço dá sinais de que o grupo, fundado em 1918 pelo engenheiro pernambucano José Ermírio de Moraes, começa a deixar a fase mais conturbada para trás.