09/01/2018 - 12:21
“A união faz a força” é um lema tão antigo quanto o homo sapiens, mas serve perfeitamente para explicar o que aconteceu na indústria automobilística mundial em 2017. Isso é o que podemos deduzir do ranking que a consultoria Focus2Move acaba de divulgar. Rápida na atualização de seu Global Auto Database, a empresa mostra quais foram os grupos de fabricantes que brilharam (e os que caíram) na temporada passada. Os grupos Volkswagen, Toyota e Renault-Nissan deram um banho na concorrência: juntos, somaram mais de 30 milhões de automóveis de passeio e comerciais leves vendidos.
O Volkswagen Group foi novamente o campeão entre os fabricantes, com 10,4 milhões de vendas e crescimento de 3,9% em relação a 2016. Sua já tradicional rival global, a Toyota Motor Company, ficou em segundo lugar, com 10,1 milhões de vendas e crescimento de 1,7%. Mas a grande novidade foi o forte crescimento da Aliança Renault-Nissan (6,3%), que também ficou na casa de 10,1 milhões e perdeu por apenas 46 mil carros para a Toyota. Num mercado global, esse número é irrisório.
Mas, por que a união faz a força nesse caso? Porque somente nesse pódio de mais de 30 milhões de carros temos dois exemplos disso. O primeiro vem do próprio Grupo Volkswagen, que reúne marcas como Audi, Porsche, Seat, Lamborghini, Bugatti, Bentley, Skoda e Rolls-Royce, além da própria Volks. Sozinha, a Volkswagen ainda não conseguiu superar a Toyota no ranking global de marcas. O segundo exemplo está na Renault-Nissan. Com a entrada da Mitsubishi, a Aliança cresceu e já disputa a liderança global. Além das japonesas Mitsubishi, Infiniti e Datsun, ela conta também com a romena Dacia e com a russa Lada. Confira os números do ranking abaixo.
POS. | GRUPO | VENDAS | VAR. | PRINCIPAIS MARCAS |
1 | Volkswagen Group | 10.413.355 | 3,9% | VW, Audi, Porsche, Seat, Lamborghini, Bentley, Bugatti |
2 | Toyota M. C. | 10.163.491 | 1,7% | Toyota, Lexus |
3 | Renault Nissan Alliance | 10.117.402 | 6,3% | Renault, Nissan, Mitsubishi, Dacia, Lada, Infiniti |
4 | Hyundai Kia | 7.280.054 | -8,3% | Hyundai, Kia |
5 | General Motors | 6.875.098 | 0,5% | Chevrolet, Buick, Cadillac, GMC, Holden, Wulling |
6 | Ford M. C. | 6.254.133 | -1,4% | Ford, Lincoln, Changan |
7 | Honda M. C. | 5.359.185 | 8,3% | Honda, Acura |
8 | Fiat Chysler Automobiles | 4.863.291 | 1,8% | Fiat, Jeep, Alfa Romeo, Dodge, Chrysler, Lancia, Maserati |
9 | PSA Groupe | 4.161.389 | -2,7% | Peugeot, Citroën, Opel, Vauxhall, DS, Dongfeng |
10 | Suzuki M. C. | 3.148.930 | 11,0% | Suzuki, Maruti |
Mais uniões e desuniões
Uma análise do quadro acima – que traz o ranking e a composição de cada grupo – revela que os grupos japoneses foram os grandes destaques da temporada passada, ao lado dos europeus. Já há algum tempo venho dizendo que os carros japoneses voltaram a brilhar, pois são confiáveis, fáceis de dirigir, inovadores sem chocar o consumidor, bonitos sem exagerar no design, rápidos e ecológicos.
A soma de vários automóveis com essas características resultou na presença da Toyota, Nissan, Mitsubishi, Lexus, Datsun, Infiniti, Honda, Acura e Suzuki nas 10 primeiras posições, com seus respectivos grupos. Das marcas famosas, só a Subaru e a Daihatsu ficaram de fora. Também foi da Suzuki e da Honda os maiores crescimentos no ano passado: 11,0% e 8,3%, respectivamente.
Por outro lado, a dupla coreana Hyundai-Kia desabou os mesmos 8,3% que a Honda subiu. A Samsung Cars, uma empresa coreana, faz parte da Aliança Renault-Nissan. Da mesma forma, as estadunidenses GM e Ford perderam participação. A GM livrou-se do peso das marcas europeias Opel e Vauxhall e ainda conseguiu crescer 0,5%, mas agora ocupa apenas o quinto lugar no ranking, com vendas abaixo de 7 milhões. Logo em seguida aparece a Ford, que caiu 1,4% e também está na casa dos 6 milhões de carros vendidos. Os dois grupos dos EUA possuem parceiros na China, o maior mercado do mundo: Wulling para a GM e Changan para a Ford.
No sétimo lugar, o grupo ítalo-americano FCA só ocupa essa posição de destaque por causa da força das marcas Fiat (na Itália e no Brasil), Lancia (na Itália) e Jeep (global). A FCA (Fiat Chrysler Automobiles) cresceu 1,8% e se aproximou da casa dos 5 milhões de carros/ano, mas analistas consideram que uma união com um grupo chinês ou até com a Hyundai-Kia seria fundamental para se fortalecer financeiramente. De qualquer forma, marcas como Alfa Romeo e Maserati têm grande potencial para fazer a FCA crescer globalmente.
Curiosamente, o PSA Groupe, que reúne as francesas Peugeot, Citroën e DS, acabou recuando 2,7% nas vendas, apesar de ter adquirido da GM as marcas Opel e Vauxhall. Apoiado na administração da chinesa Dongfeng, o PSA Groupe tem focado nos resultados financeiros, que ficaram mais factíveis porque a aquisição da Opel/Vauxhall aumentou sua importância perante os fornecedores. Como se sabe, nesse mercado, cada dólar, euro, iene ou yuan economizado na compra de peças é fundamental.
Finalmente, na décima posição, temos a surpreendente Suzuki Motor Corporation. Outro exemplo de que a união faz a força. Em janeiro de 2017, a Suzuki adquiriu 51% das ações da Maruti Udyog Limited, uma montadora que há seis anos passou da marca de 10 milhões de veículos vendidos na Índia. Atualmente, a Suzuki possui 56,2% das cotas da Maruti. Alguma dúvida de que a união faz a força?