04/05/2021 - 17:20
BRASÍLIA (Reuters) – O auxílio emergencial terá que ser substituído por um programa sustentável, que pode ser um Bolsa Família ou um Renda Brasil fortalecido, disse nesta terça-feira o ministro da Economia, Paulo Guedes, defendendo que o valor fique acima dos 170 reais.
“Mas talvez não sei se vamos chegar aos 600 (reais)”, disse Guedes durante audiência pública de um conjunto de comissões da Câmara dos Deputados.
Ele acrescentou que o país pode eventualmente fazer a escolha de lançar um programa de erradicação da pobreza de “quatro, cinco anos”, financiado com recursos da venda de empresas estatais.
“Isso terá que ser um esforço conjunto, isso é um Congresso inteiro, uma PEC, é algo que nós temos que pensar juntos”, afirmou.
Em um raro elogio às administrações petistas, o ministro afirmou que as reeleições do governo do PT foram merecidas, dado o impacto social do Bolsa Família.
“Ele (PT) teve realmente a belíssima iniciativa de fazer um programa de transferência de renda importante, ganhou quatro eleições seguidas merecidamente porque fez a transferência de renda para os mais frágeis, um bom programa que envolvia poucos recursos e tinha um altíssimo impacto social”, disse Guedes.
Respondendo a questionamentos dos parlamentares sobre a necessidade de o governo prover mais auxílio aos vulneráveis, o ministro afirmou que mesmo o PT não adotou um valor de 600 reais para o Bolsa Família porque não tinha fontes estáveis e sustentáveis para tal.
“O auxílio emergencial, em uma situação de emergência, a gente consegue de repente durante um ano dar os 600, agora, ele é de natureza diferente. Uma coisa é o Bolsa Família, outra coisa é o auxílio emergencial, o Bolsa Família é para sempre, então ele tem que ter um financiamento estável”, afirmou.
ALTA DE COMMODITIES
Ao ser questionado sobre a alta das commodities, Guedes ressaltou que, em razão de o Brasil ser uma economia exportadora, está ficando “mais rico” com a situação, apesar de alertar para o risco dessa elevação de preços alimentar a inflação doméstica.
Em seus comentários, ele voltou a mencionar que o governo atenderia aos mais frágeis por meio do aumento do valor do Bolsa Família. “Os que têm mais recursos, o plantador agrícola, o comerciante rural, esse pessoal está ganhando mais dinheiro, está mais rico. Não tem problema, vai pagar Imposto de Renda.”
Nessa lógica, segundo o ministro, haverá a possibilidade de aumentar o valor pago às famílias cadastradas no Bolsa Família com o objetivo de cobrir a elevação no custo de alimentação.
“Reconheço que é uma situação difícil subir o preço do gás, subir o preço da comida. Então nós vamos ter que ter um olhar para esse problema social, e aumentar os programas de transferência de renda para poderem pagar esse aumento de preço”, explicou.
(Por Isabel Versiani e Gabriel Ponte)