17/04/2002 - 7:00
Entrou como consultor e saiu dono. Assim, o jovem Stavros Frangoulidis, 37 anos, assumiu as Lojas do Gugu. A aquisição foi feita no final de março e desde então Stavros manteve sigilo absoluto sobre seus planos à frente da rede de varejo que pertencia ao pupilo de Silvio Santos. Na semana passada, o desconhecido empresário, estreante no setor de varejo, falou à DINHEIRO. Contou como foi chamado pelo amigo Gugu para colocar a empresa em ordem e o porquê de sua decisão de comprá-la. ?Encontrei uma rede com custos elevados, mas com prejuízos reversíveis e enorme potencial. Comprei?, disse. Os valores envolvidos na negociação são guardados a sete chaves. ?Foi um bom acordo para as duas partes.? Stavros garante que as Lojas do Gugu vão utilizar agora todos os canais possíveis de distribuição para vender brinquedos, artigos eletrônicos e utilidades para o lar. A rede paulista, que hoje é dona de 19 lojas, passará a atuar em cadeia nacional por meio de franquias. O empresário quer 50 novas unidades no prazo de um ano. Haverá ainda o sistema de televendas e vendas pela internet. Distribuição de produtos por catálogo e venda porta-a-porta também farão parte do pacote. ?As Lojas do Gugu dispunham de um canal de mídia incrível, que era o próprio apresentador, mas sua estrutura era ineficiente?, explica Stavros.
O novo dono nem sonha em perder a força de marketing de Augusto Liberato e de seu programa Domingo Legal. Por isso mesmo colocou em contrato a permanência do apresentador como garoto-propaganda. O nome dele também será mantido na fachada. Depois de acertar com Gugu, o empresário tratou de amplificar a rede. A empresa de call center ACS, do grupo Algar, irá oferecer 240 posições de atendimento aos domingos ? durante o Domingo Legal — para os consumidores das Lojas do Gugu. O sistema tem capacidade para atender 50 mil ligações. ?É um projeto de risco. Só ganhamos se as lojas venderem bem?, diz Hamilton Alves dos Reis, diretor da ACS. ?Mas estamos confiantes?. Feitas as ligações, entra em cena a empresa de distribuição Intecom, do grupo Martins. Ela garante a entrega de produtos em qualquer ponto do Brasil em até 72 horas. Em seguida, surge a terceira fase da expansão: vendas por catálogo. E o pacote de ?crescimento? termina com o sistema porta-a-porta.
De acordo com o novo dono das Lojas do Gugu, os investimentos no programa de expansão não serão grandes. ?Os projetos estão sendo tocados em parceria, o que dilui os custos?, explica. Internamente, Stavros pretende aplicar cerca de R$ 2 milhões para dar novo fôlego financeiro à empresa. No ano passado, as Lojas do Gugu registraram faturamento de R$ 35 milhões ante os R$ 47 milhões de 2000. A rede está com prejuízo operacional de R$ 1,5 milhão. ?Mas o endividamento é baixo. A empresa nunca foi cliente de carteirinha dos bancos, o que é muito bom?, comenta o empresário. Bancos, aliás, continuam fora dos planos de Stavros. Sócios? Talvez. O que o empresário diz é que sua família está ajudando no negócio e tem interesse em participar do quadro societário. As idéias de Stavros Frangoulidis são promissoras. Resta saber se esse jovem senhor, formado em física, descendente de gregos e russos, ex-dono de transportadora e de uma fábrica de reciclagem de lã, terá fôlego para sobreviver às intempéries do varejo.