Após postar que estaria disposto a trabalhar por 12 semanas como estagiário no Twitter pelo salário necessário para cobrir o custo de vida em São Francisco, nos Estados Unidos, o hacker George Hotz recebeu uma mensagem de Elon Musk dizendo “vamos conversar” e foi contratado para trabalhar na companhia.

O post foi feito no dia 16 de novembro e foi uma forma de apoiar a posição de Musk, que exigiu dos trabalhadores uma dedicação “hardcore” e “longas e duras horas de trabalho” ou que deixassem a empresa. Após o “ultimato” e da demissão de 3.700 funcionários por Musk, outra leva de centenas de funcionários deixaram seus cargos na semana passada.

O Twitter passou a enfrentar ações legais em função das demissões em massa, sobretudo por não ter respeitado leis que impedem demissões em massa na Califórnia em empresas com mais de cem funcionários sem um aviso antecipado de ao menos 60 dias.

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Na publicação, o hacker afirma que “não se trata de acumular capital em um mundo morto. É sobre manter o mundo vivo”. Para profissionais da área, a afirmação soou ingênua. Muitos desenvolvedores responderam dizendo que um bom profissional sabe se valorizar e não está disposto a trabalhar como um escravo para tornar um bilionário mais rico ainda.

https://twitter.com/realGeorgeHotz/status/1592955427179765760

A compra do Twitter por Musk causou grandes mudanças na empresa, com muitos funcionários discordando dos métodos e do autoritarismo dele, que já assumiu a empresa com a intenção de demitir cerca de 75% da força de trabalho. Em parte, a cruzada de Musk por maior eficiência dos funcionários parece mais um teste de lealdade para extirpar o que ele considera um “viés de esquerda” da rede social.

Por meio de ultimatos e por um clima de “ame-nos ou deixe-nos”, Musk parece estar conseguindo alcançar a sua guinada à direita no comando da companhia, restabelecendo a conta de Trump, por exemplo, e apoiando com frequência uma total liberdade de expressão que, na prática, significa tolerar uma direita mais raivosa dos EUA e seus discursos mais radicais.

No meio dessa disputa ideológica, Hotz surge como uma figura pragmática com um discurso que não soa tão coerente, mas que foi suficiente para agradar Musk e garantir a ele um posto na companhia, ainda que boa parte da comunidade de profissionais de tecnologia tenham considerado a sua posição lamentável. Ele, no entanto, não parece muito preocupado com isso:

https://twitter.com/realGeorgeHotz/status/1595532931136507905

Hotz é famoso na comunidade hacker por ter sido o primeiro a desbloquear a primeira edição do iPhone em 2007, além de ter fundado a empresa Comma.ai, que desenvolve kits de assistência à direção para veículos com código aberto e um preço de US$ 350 (cerca de R$ 1.800), possibilitando que carros normais se tornem quase autônomos.

Ele agora irá atuar desenvolvendo melhorias para a ferramenta de pesquisa da rede social, a princípio pelas 12 semanas que sugeriu.

https://twitter.com/realGeorgeHotz/status/1592955427179765760