Em fala sobre a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu a iniciativa do governo de manter contato com múltiplos parceiros comerciais e citou os BRICs. “O governo Trump é temporário, e o Brasil e os EUA são estados nacionais permanentes”, disse durante debate sobre a conjuntura política nacional e internacional promovido pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

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“O Brasil não pode servir de quintal de ninguém. Nós temos tamanho, densidade, importância para manter e garantir a nossa soberania. Nós não podemos escolher parceiro, Brasil tem que ser parceiro de todo mundo”, afirmou o ministro, citando parcerias com a União Europeia e os BRICs.

A fala ocorre em meio as negociações entre o governo brasileiro para tentar reduzir as tarifas de 50% impostas sobre uma série de importações de produtos brasileiros nos EUA. Inicialmente anunciada sobre toda a produção brasileira, a medida teve recuos em vários setores, porém segue afetando mercados importantes como o café.

O ministro destacou planos do governo brasileiro de se aproximar da Índia, com quem as relações ainda são “frágeis”. “O presidente Lula tem dedicado seu tempo a conversar com o primeiro ministro Narendra Modi para estreitar laços. Prevê uma viagem a Índia para que possamos nos aproximar desse grande país, que tem uma população de 1,4 bilhão de habitantes. É muito importante que nós estreitemos laços comerciais e também culturais”, disse.

Haddad culpa ‘extrema-direita’ pelas tarifas

O ministro aproveitou o evento com a base política para, sem citar nomes, criticar a família Bolsonaro e associá-la às tarifas impostas pelo governo Trump. “Fiz uma reunião na Califórnia com o secretário do Tesouro Scott Bessent, as tratativas estavam andando muito bem, até que essa atitude hostil nos surpreendeu, pela ação de grupos de extrema direita brasileiros que de patrióticos não tem absolutamente nada”, disse.

“Vimos pelas mensagens trocadas que o único objetivo era livrar a cara dos golpistas”, seguiu Haddad. A fala faz referência a conversas divulgadas pela Polícia Federal nesta semana, em que Jair Bolsonaro e seu filho, Eduardo, conversam sobre as tarifas impostas por Donald Trump.

Em uma das mensagens, Eduardo pede para que o pai se posicione. “O cara mais poderoso do mundo está a seu favor. Fizemos nossa parte. Se o maior beneficiado não consegue fazer um tweet vaselina, aí realmente ferrou. Vc [sic] tem sido o meu maior empecilho para poder te ajudar”, diz. As conversas culminaram em um pedido de esclarecimentos do STF (supremo Tribunal Federal) feito a Jair Bolsonaro, além da apreensão do celular e do passaporte de Silas Malafaia, também citado como partícipe em um plano para livrar o ex-presidente da prisão no processo por golpe de estado.

Em postagens nas redes sociais, Eduardo Bolsonaro afirmou que “jamais teve como objetivo interferir em qualquer processo em curso no Brasil”. Já o ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou ao STF na noite de sexta-feira, 22, esclarecimentos sobre as acusações de descumprir medidas cautelares para intervir sobre o processo.