29/07/2025 - 9:52
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, teve na véspera uma terceira e longa conversa com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, disse nesta terça-feira, 29, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dias antes do prazo para a imposição de uma tarifa de 50% de Washington sobre produtos brasileiros.
Falando com jornalistas em Brasília, Haddad também apontou que o governo não está fixado no prazo de 1º de agosto que o presidente dos EUA, Donald Trump, deu para impor a taxa sobre o Brasil, afirmando que a preocupação com uma data poderia inibir que as negociações sejam feitas com “liberdade e sinceridade”.
“Alckmin tem feito um esforço monumental de conversar com sua contraparte. Ontem mesmo houve a terceira e mais longa conversa que tiveram”, disse o ministro.
“Não estou muito fixado na data, porque se ficarmos apreensivos com ela, podemos inibir que a conversa transcorra com mais liberdade e sinceridade entre os dois países. Nós vamos prosperar com as negociações”, completou.
Haddad reconheceu que há a possibilidade de os EUA estenderem o prazo estabelecido por Trump para a taxação, mas disse não saber se isso acontecerá, uma vez que a imposição da data pelo presidente norte-americano foi uma ação “unilateral”.
Ainda de acordo com o ministro, o plano de contingência do governo para caso a tarifa entre em vigor está sendo analisado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com “muita tranquilidade”, ponderando sobre os “vários cenários” apresentados a ele.
“Estamos confiantes de que preparamos um trabalho que vai permitir ao Brasil superar esse momento”, disse o ministro. “Quem vai decidir a escala, o montante, a oportunidade, a conveniência e a data é o presidente.”
Ele reiterou que o Brasil não abandonará a mesa de negociação com os EUA.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse na segunda-feira que o governo brasileiro mantém o empenho essa semana para tentar resolver a questão do tarifaço norte-americano, previsto para entrar em vigor na sexta-feira.
“Todo o empenho agora nessa semana é para a gente buscar resolver o problema, nós estamos permanentemente no diálogo, nós estamos dialogando neste momento pelos canais institucionais e pela reserva”, disse Alckmin.
Até agora, no entanto, não há sinais de algum movimento de que o governo norte-americano possa adiar a implementação da tarifa de 50% em toda a exportação brasileira para o país. Alckmin também não deu detalhes da negociação.
Nesta segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se com Alckmin e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para discutir as medidas de contingência que o governo estuda para tentar minimizar o impacto das tarifas para os exportadores brasileiros.
De acordo com uma fonte palaciana, a discussão não foi definitiva, mas sobre possibilidades que devem ser apresentadas ao presidente ao longo da semana. “Não deve vir um pacote pronto, mas alternativas para o presidente decidir”, disse a fonte.
A expectativa é que, em se confirmando as tarifas norte-americanas, algumas medidas sejam já apresentadas na sexta, mas não tudo — vai depender do que vier do lado norte-americano.
A intenção, ainda, é continuar tentando negociar mesmo depois de 1º de agosto, mas apenas na parte comercial.
Foco em negociações
Na noite de segunda-feira, 28, Haddad afirmou à jornalistas que foco das ações do governo brasileiro em relação à tarifa dos Estados Unidos ainda é a negociação. O ministro havia acabado de apresentar um plano de contingência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, destacando que o Executivo ainda aguarda resposta a cartas enviadas ao país.
Haddad disse que Lula já tem em mãos os planos apresentados pelos quatro ministérios envolvidos — Fazenda, Relações Exteriores, Casa Civil e Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
“O importante é que o presidente tem na mão os cenários todos que foram definidos pelos quatro ministérios. E o foco, por determinação do presidente, é negociar, tentar evitar medidas unilaterais”, disse. “Mas independentemente da decisão que o governo dos Estados Unidos vai tomar, nós vamos continuar abertos à negociação.”
Segundo Haddad, ele ainda deve se reunir com Lula e demais autoridades envolvidas nas negociações, mas as medidas que serão postas em ação ainda não foram escolhidas, porque não se sabe quais serão, de fato, as decisões dos EUA ao fim do prazo para a imposição das tarifas, na próxima sexta-feira.
“O foco é receber, da parte dos Estados Unidos, uma resposta às cartas que o Brasil enviou, no sentido de a gente buscar uma aproximação em relação ao que é relevante para eles e para nós”, acrescentou.
De acordo com fontes ouvidas pela Reuters, o governo trabalha com a certeza de que a taxação deve ser confirmada em 50%, porque não há tempo hábil para mudanças e, principalmente, pelas condições colocadas pelo presidente dos EUA. Uma das exigências foi o fim do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado.