30/08/2024 - 16:46
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira, 30, que o resultado primário do governo central registrado em julho, divulgado pelo Banco Central, veio “completamente em linha com as metas do ano”. O Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) mostrou mais cedo que, embora o rombo do setor público consolidado do mês passado tenha surpreendido negativamente o mercado, o resultado isolado do Governo Central que será apresentado pelo Tesouro Nacional deverá vir próximo das estimativas, segundo fontes.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), por exemplo, calcula que o déficit primário para o mês passado fechou em R$ 8,5 bilhões. A mediana apontada pela pesquisa do Projeções Broadcast é de um primário negativo em R$ 7,135 bilhões. Pela metodologia do BC, o déficit do governo central ficou em R$ 8,618 bilhões.
O BC divulgou nesta sexta que o setor público consolidado – que inclui Governo Central, Estados, municípios e estatais, com exceção de Petrobras e Eletrobras – teve déficit primário de R$ 21,348 bilhões em julho. O número surpreendeu porque a mediana do mercado indicava déficit de R$ 6,70 bilhões nessas contas, com estimativas que variavam de déficit de R$ 13,80 bilhões a superávit de R$ 6,10 bilhões. Mas a maior surpresa veio do rombo registrado dos governos regionais, que ficou em R$ 11,038 bilhões.
Haddad comentou o dado lembrando que, em ano eleitoral, os prefeitos avançam com seus gastos nos primeiros nove meses e depois freiam para cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Para o ministro, houve uma interpretação errada dos dados hoje, ao se confundir o resultado do setor consolidado com o do governo central. Ele comentou ter passado a manhã conversando com o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, para entender o que havia acontecido.
“Esse ano a meta é zero com banda de 0,25%. Teve interpretação errada sobre divulgação do BC, pegaram o déficit do setor público todo e atribuíram ao governo federal, mas nosso déficit anunciado é completamente em linha com as metas do ano”, disse em evento em São Paulo.
Ele ainda lembrou que as projeções da Focus para o déficit neste ano eram piores no início do ano, o que, para ele, não fazia sentido, tendo em vista as medidas que o governo conseguiu aprovar no Congresso. “Aí pega as projeções da Focus, era de 0,8% a 1% déficit, como vou fazer déficit perto do ano passado com tudo que aprovei? Aí mercado dizendo que seria maior, pressionando dólar, juro, BC, e eu dizia que não casavam os números. Então existe aí uma questão que tem que ver com mercado financeiro, BC IPCA-15 veio a 0,19%, com tudo que estão falando de pressão inflacionária. O índice de desconforto, que é a soma da inflação com desemprego, é o menor da história”, disse o ministro.
Haddad comentou ainda que 1 ponto porcentual do déficit de 2,1% registrado no ano passado foi resultado de problemas herdados do governo passado, como a indenização aos governadores e o “calote” dos precatórios. “Eu prometi 1% de déficit no ano passado, todo mundo dizia que era impossível”, afirmou.