O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou que está disponível para discutir com o Congresso as medidas alternativas ao decreto que elevou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e disse já ter entrado em contato com parlamentares como o presidente do União Brasil, Antônio Rueda, e o senador Ciro Nogueira (PP-PI).

“Eu estou sempre disposto ao debate. O que eu não gosto é a pessoa que xinga e sai correndo. Aqui não dá. Esse negócio de xingar e sair correndo é coisa de moleque de rua. Eu estou discutindo com o Congresso Nacional. Estou 100% disponível para visitar os presidentes, os líderes, as bancadas. Quantas horas precisar. Não tem dia para nós, do ponto de vista do interesse público”, disse o ministro a jornalistas ao chegar à sede da pasta na manhã desta quinta-feira, 12.

A fala também faz alusão à confusão generalizada que acabou encerrando a participação de Haddad em audiência conjunta na Câmara na quarta-feira, após ter classificado o comportamento de deputados da oposição como “molecagem” e ter sido chamado de “moleque” por Carlos Jordy (PL-RJ).

Em relação às medidas, Haddad ponderou que o IOF tem a vantagem de entrar em vigor imediatamente e representa uma salvaguarda das contas públicas. “Óbvio que o IOF tem dimensão regulatória, mas ela tem uma arrecadação importante”, disse.

Ele destacou que a alternativa trazida pelo Congresso para debater medidas estruturais é melhor e, por isso, houve uma longa reunião no domingo, para discutir o assunto. De olho no Orçamento de 2026, ele lembrou que é preciso que as medidas sejam aprovadas até o final deste ano para serem incluídas no documento.

Haddad considera natural que haja algum tipo de reação negativa, seja de setores, seja de parlamentares da oposição. Questionado acerca da movimentação do Congresso para barrar as medidas, o ministro avaliou que os lobbies são mais rápidos do que o governo e atual com muita força, mas reforçou que é uma questão de diálogo para explicar o conjunto e ganhar apoio.

Ele contou que conversou na quarta-feira por telefone com Antônio Rueda e Ciro Nogueira para dizer que não tem problema em discutir medidas de redução de gasto primário, lembrando que a medida provisória editada na quarta já traz quatro ações nesse sentido. “Ela trata de Pé-de-meia, ela trata de seguro defeso, ela trata de Previdência, ela trata de vários temas. Já trata. E nós vimos ali que entre os líderes havia uma boa receptividade dessas medidas”, disse, sinalizando que podem surgir novas ações.

Para Haddad, é importante medir o grau de aceitação das propostas no Congresso antes de enviá-las para checar o que tem aderência, e que fará quantas reuniões forem necessárias para isso.

Além disso, o ministro voltou a falar de propostas já enviadas e que estão prontas para serem votadas no Congresso, como o projeto que mira o devedor contumaz, e avaliou que a reforma administrativa é uma possibilidade de contenção de gastos.