17/01/2025 - 16:45
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que ‘não compraria dólar a um patamar de R$ 6’ nesta sexta-feira, 17.
+Haddad: Trajetória da dívida preocupa e é preciso criar condições para queda de juros
“O câmbio não é fixo no Brasil. O patamar que o dólar se estabiliza depende de variáveis que não controlamos, sendo uma delas o juro externo. Também tem fatores geopolíticos e uma série de coisas que afetam o preço do dólar”, disse, em entrevista à CNN Brasil.
“Hoje eu compraria dólar a R$ 6? Não. Eu não compraria acima de R$ 5,70. Qualquer coisa acima de R$ 5,70 é caro, com os fundamentos da economia de hoje”, completou.
O ministro comentou que ‘olha para as moedas ao redor do mundo’ no seu cotidiano e que arrisca um ‘palpite’, todavia disse não sabe para onde as coisas vão.
“Parte das coisas depende do doméstico, parte não”.
Além disso, disse que não imaginava que o câmbio fosse ir a R$ 5,70, como ocorreu em 2023, após ele assumir o Ministério da Fazenda – relembrando a pressão baixista do dólar no início do Governo.
Atualmente o dólar opera a R$ 6,06. Desde que o governo anunciou o pacote fiscal, – que teve o cavalo de troia da isenção do Imposto de Renda, aos olhos do mercado – o câmbio tem se acomodado nesse patamar, acima de R$ 6.
Nos fatores externos, a eleição de Donald Trump colaborou para uma valorização da moeda – com o chamado ‘Trump trade’ predominando, prevendo juros, inflação e câmbio mais elevados com a vitória do republicano. O cenário pressiona o dólar especialmente por conta do diferencial de juros.
No doméstico, o principal catalisador negativo segue sendo o fiscal, com o mercado ainda cético sobre a capacidade do Governo de cumprir as metas.
Assim, paulatinamente projeções de inflação também foram desancoradas, com elevações sucessivas pelo consenso do mercado financeiro, conforme refletido no Boletim Focus.
Não estamos pedindo para ninguém dizer que está tudo bem, diz Haddad
Sobre a situação fiscal, o ministro reclamou acerca do ‘reconhecimento’ sobre o trabalho da Fazenda.
“Eu não estou pedindo para ninguém dizer que tá tudo bem. Não está [bem] no mundo. Nos EUA tem juros em patamares preocupantes”, disse Haddad sobre a situação fiscal do Brasil.
O ministro disse que gostaria de que o mercado desse um maior reconhecimento sobre melhora de indicadores econômicos em um passado recente.
“Estamos pedindo para reconhecer que o país tá crescendo, o fiscal melhorou, acima do esperado, estamos com menos desigualdade”.
Além disso, pontou que se opõe às teses de que o Brasil ostenta um descontrole fiscal.
“Eu não acredito em dominância fiscal, esse diagnóstico eu não concordo. Eles [mercado financeiro] erraram tanto, posso errar uma vez. Eu acredito que a política monetária vai fazer efeito sobre inflação. Tem gente no mercado que diz que não fará. Veremos nos próximos capítulos se a política monetária fará efeito”, disse Haddad.