Os termos do decreto que institui a meta contínua de inflação foram negociados com toda a área econômica, incluindo o Banco Central, disse nesta quarta-feira o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmando que o alvo permanecerá em 3%, com a mesma banda de tolerância de 1,5 ponto percentual.

+ Entenda o que muda com decreto de meta contínua de inflação a partir de 2025

Em declaração à imprensa após reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), Haddad afirmou que o decreto desobriga o colegiado a fixar novas metas de inflação com frequência.

Haddad ainda disse não ver sinal de apreensão em relação ao compromisso do governo e do BC em relação ao cumprimento das metas, ressaltando que não foi debatido fixar um alvo que não seja de 3%.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou nesta quarta-feira decreto que formaliza a adoção de uma meta contínua de inflação a partir de 2025, prevendo que o Banco Central deverá se explicar ao governo se o alvo for descumprido por seis meses consecutivos.

Na entrevista, o ministro disse que o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, esteve em reunião com Lula nesta semana para esclarecer pontos do decreto, tendo sido autorizado pelo presidente da autarquia, Roberto Campos Neto.

Para o ministro, a grande vantagem do sistema de meta contínua é que caberá ao BC oferecer um plano de trabalho para colocar a inflação dentro da banda da meta.

Em relação ao quadro fiscal, Haddad disse que “possivelmente” 2024 terá o melhor resultado primário em 10 anos.

“Incertezas”

Os ajustes no regime de metas de inflação, implementados no novo sistema de meta contínua, devem reduzir incertezas e permitir uma ancoragem das expectativas de inflação em horizontes mais longos, afirmou nesta quarta-feira o Ministério da Fazenda, em nota.

A pasta disse que a decisão de manter a meta de 3,0%, similar ao patamar praticado em outros países emergentes, fortalece a percepção de compromisso do Brasil com inflação baixa e estável.

“A verificação contínua da meta e a necessidade de prestação de contas pela autoridade monetária agregam credibilidade à nova sistemática de meta para a inflação”, disse.