16/09/2025 - 10:38
Apesar da inflação brasileira ter ficado acima do teto da meta em 2024 e manter-se elevada ao longo de 2025, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou acreditar que o governo Lula entregará a alta dos preços em um patamar histórico desde o início do Plano Real.
+Atlas: sem Tarcísio na disputa, Alckmin e Haddad lideram cenários para 1º turno em SP
“Nós vamos terminar o mandato com a menor inflação de um mandato desde o Plano Real. Seguramente a inflação acumulada em 4 anos será pela primeira vez inferior a 20%“, disse Haddad durante evento promovido pelo Banco Safra nesta terça-feira (16).
A alta do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo, considerado a inflação oficial do país) acumulada em 12 meses até agosto de 2025 foi de 5,13%. Nos oito primeiros meses do ano, a alta foi de 3,15%. Em agosto, foi registrada deflação de 0,11%.
O ministro afirmou ainda que espera “um crescimento médio próximo de três e o desemprego da mínima histórica” ao final do terceiro mandato do presidente Lula. Apesar do país estar de fato no ponto mais baixo da série histórica, as previsões para o crescimento da economia estão piorando em um cenário de alta dos juros para conter a inflação.
A última edição do Boletim Focus, que reúne as projeções do mercado financeiro para a economia, prevê um PIB (Produto Interno Bruto) de 2,16% para 2026 e de 1,80% para 2025. O ministro discorda. “Tenho muita esperança de que o PIB potencial do Brasil vai superar os 2,5% estimados hoje”, disse Haddad.
Haddad espera corte de juros
O alto patamar da taxa básica de juros, mantida em 15% desde junho, contribui para a desaceleração da economia. Haddad afirmou no entanto que acredita em um corte próximo na Selic.
“Eu penso que nós vamos entrar numa trajetória de queda de juros com sustentabilidade”, disse o ministro, citando reformas como a tributária, a das leis de seguro e a do crédito, além de iniciativas de economia verde e das políticas do governo focadas em data centers.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central iniciou sua reunião bimestral nesta terça-feira, com o mercado financeiro prevendo de forma consensual a manutenção da taxa Selic no atual patamar de 15%. A expectativa, segundo o boletim Focus, é que a taxa permaneça inalterada até o final de 2025, recuando para 12,38% ao término de 2026.
Meta fiscal
O ministro também defendeu a gestão das contas públicas promovida no atual governo. “Eu penso sinceramente que o arcabouço fiscal, do ponto de vista de arquitetura, está funcionando conforme previsto. Nós temos um limite de gasto que está sendo respeitado”, disse.
Em sua fala, Haddad elogiou a colaboração do Congresso para cumprimento da meta: “Nós obviamente dependemos do que não tem nos faltado, que é a compreensão do Congresso Nacional, tanto do ponto de vista de limitação de despesas, exclusão de pautas bombas, geração de despesas indevidas, quanto a questão da recomposição da base fiscal do Estado brasileiro, que foi dilapidada por 10 anos”.
O governo estabeleceu como meta fiscal um resultado primário de zero para 2025. Para 2026, o objetivo é um superávit de 0,25% do PIB. Em ambos os anos, há uma margem de tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB para cima ou para baixo.