O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira, 10, que já entregou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva três sugestões de nomes para ocupar as diretorias de Política Monetária e Fiscalização do Banco Central, cujos mandatos dos atuais ocupantes terminaram em 28 de fevereiro. Segundo o ministro, ele sugeriu nomes de perfil acadêmico, técnico e de mercado.

“Eu levei um perfil mais acadêmico, um perfil mais técnico, um perfil mais de mercado. Mas pessoas que podem levar ao Banco Central uma contribuição: qualquer das três que ele escolher vão levar uma contribuição para ele”, disse, em entrevista à CNN Brasil. “Qualquer que seja o nome para a diretoria do BC, será um nome técnico.”

Segundo o ministro, a contribuição que será dada pelos novos diretores pode “não coincidir” com o presidente do BC, Roberto Campos Neto. Ele lembrou ainda que os novos diretores vão representar apenas duas cadeiras no Comitê de Política Monetária (Copom).

Haddad defendeu que a lei de autonomia do Banco Central mantém a prerrogativa de que a escolha dos diretores é feita pelo presidente da República. Na entrevista, o ministro disse ainda que Lula vai definir os nomes como sempre definiu e lembrou da indicação de Henrique Meirelles à presidência do BC nos primeiros governos do petista.

Selic

Haddad voltou a afirmar que o Banco Central (BC) errou ao cortar a Selic para 2% ao ano. Segundo ele, a taxa nesse patamar é baixa demais para um país com as características do Brasil.

“A Europa está mantendo juro negativo até agora, por receio dos impactos na economia. Por que o Banco Central Europeu não dá choque de juro? Por dúvida sobre impacto no mundo real. Ninguém é contra combater a inflação, tem de combater a inflação. Hoje teve anúncio muito preocupante quebra do SVB, vamos acompanhar para ver se é sistêmico”, disse.

Haddad voltou a dizer que as políticas monetária e fiscal são dois braços que precisam trabalhar juntos. Segundo ele, uma divisão entre as duas está mais ligada a forma de pensar a economia.

“Tem dois braços, fiscal e monetário, que têm de trabalhar juntos. Há uma relação de confiança entre as duas. Acredito piamente que podemos harmonizar política fiscal e monetária. Bolsonaro sumiu do País, não sei se foi para levar coisas ou não”, disse.