23/09/2025 - 10:38
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou acreditar que a taxa básica de juros brasileira poderia estar em um nível inferior aos atuais 15% ao ano. A Selic encontra-se neste patamar desde junho, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou-a para seu maior patamar desde julho de 2006.
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“Eu acho que tem espaço para esse juro cair, porque eu acredito que nem deveria estar em 15%”, disse em entrevista ao canal ICL nesta terça-feira (23).
Haddad buscou na fala amenizar uma possível leitura de que estaria criticando o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, indicado ao cargo pelo governo. O ministro disse ainda acreditar que “boa parte do mercado financeiro” também acha que os juros poderiam estar em um patamar menor. Também fez insinuações sobre uma responsabilidade do presidente anterior, Roberto Campos Neto, indicado por Jair Bolsonaro.
“O Galípolo assumiu em uma crise grande em dezembro. Se você me perguntar: ‘você acha que justificável o juro tá nesse patamar?’ Eu acredito que não. Eu não estou no lugar dele. É difícil quando você herda um problema. Foi uma transição, conforme eu falei, muito complexa. Não foi uma transição simples. Isso não foi ainda devidamente diagnosticado, na minha opinião, o que nós vivemos de abril para dezembro do ano passado”, disse o ministro.
Haddad defendeu a decisão sobre a meta de inflação, fixada desde 2024 em 3% no acumulado de 12 meses, com bandas de 1,5 p.p. para cima ou para baixo, em um regime de meta contínua. A porcentagem foi definida pelo Conselho Monetário Nacional, composto pelo Ministro de Estado da Fazenda (que preside o Conselho), pelo Ministro de Estado do Planejamento e Orçamento e pelo Presidente do Banco Central do Brasil.
“Nós fizemos bem de sair do calendário gregoriano e ir pra meta contínua para, evidentemente, primeiro adequar o Brasil ao resto do mundo. […] Segundo lugar, a inflação estava em 3% naquele momento. É uma coisa meio absurda você botar uma meta maior do que a inflação percebida pela população”, disse Haddad.
Haddad analisa tramitação do projeto para o IR no Congresso
O ministro da Fazenda disse que vê um consenso favorável à isenção de imposto de renda para quem ganha até R$5 mil. Ao mesmo tempo, admitiu dificuldade na definição de compensações para essa perda de arrecadação na tramitação da proposta sobre o tema enviada pelo governo no Congresso Nacional.
Ainda assim, Haddad disse ter a expectativa de que a isenção seja aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado e esteja sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em outubro.
“Eu acho que o Congresso está muito maduro para aprovar a isenção. O problema é aprovar a compensação, que é o andar de cima que não paga imposto de renda, pagar”, disse o ministro. “Eu penso que o presidente vai sancionar (a isenção dos) R$5 mil em outubro. A lei, na minha opinião, vai ser sancionada em outubro.”
(*com informações da Reuters)