04/09/2017 - 15:57
“E eu digo que Henrique é viciante, porque quanto mais a gente convive, mais a gente quer conviver com ele”, afirmou o empresário Fred Queiroz, antes de entrar em delação premiada e confessar a operacionalização de suposto caixa dois de R$ 11 milhões ao ex-ministro dos governos Dilma e Temer, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
Ligado ao peemedebista, Fred chegou a ser preso na Operação Manus, deflagrada no Rio Grande do Norte para apurar fraudes de R$ 77 milhões na construção da Arena das Dunas.
Em ação da PF no Rio Grande do Norte, o peemedebista foi preso preventivamente no dia 6 de junho – ele é investigado por desvios nas obras do estádio e, em Brasília, é alvo da Operação Sépsis, por supostas irregularidades na Caixa Econômica Federal.
O empresário confessou ter operado R$ 11 milhões em caixa dois para a campanha de Henrique Alves em 2014, ao governo potiguar. Ele relatou ter buscado R$ 7 milhões, ainda no primeiro turno, das mãos de um emissário, que teria levado, em um avião, o montante em dinheiro vivo. O site O Antagonista apurou que o doleiro Lúcio Funaro afirma, em delação, ser a pessoa que levou as cédulas ao empresário, em voo ao Rio Grande do Norte.
Em vídeo gravado depois das eleições de 2014, durante uma comemoração de fim de ano, o empresário exaltava o peemedebista que agora delata na Manus. “Só consegue ter fidelidade quem é fiel com os outros. E a vida toda ele (Henrique Alves) foi fiel”, afirmou.
Fred ainda se refere a Robinson Faria (PSD) ao dizer que “talvez o governador eleito não tenha tido a oportunidade de ter no final de ano isso aqui (a comemoração)”. “Não sei. Talvez não tenha.”
“E eu digo que Henrique é viciante, porque quanto mais a gente convive, mais a gente quer conviver com ele, mais a gente admira, gosta. E até a forma como ele tem se portado. Ele está uma pessoa divertida, está uma pessoa mais leve, está uma pessoa mais atenta. Atento ele sempre foi”, exaltou, em vídeo.
O advogado Marcelo Leal, que defende Henrique Eduardo Alves, disse que “a delação premiada de Fred Queiroz é um dos mais sórdidos exemplos da vilania ética do próprio instituto, que transforma amizades, antes cantadas em versos, em repúdio escondido na escuridão da vergonha. Fred Queiroz, sua esposa e filho são inocentes e somente o temor injustamente incutido pelo Estado pode justificar que fatos lícitos ganhem roupagem de crime. A defesa de Henrique Alves confia em provar a licitude de sua conduta”.