A rede Hilton tem um plano para acabar com a penúria hoteleira na Amazônia: trazer para a floresta os turistas americanos, japoneses e europeus que já se cansaram de fotografar a Torre Eiffel. Na última semana, ela assinou um contrato para administrar um resort de R$ 35 milhões que será construído por um grupo de investidores locais. Apesar de ficar na selva, seguirá o padrão de acabamento de qualquer hotel 5 estrelas da rede. Os quartos terão 40 m2, camas kingsize e conexão para internet. Piscina, quadras esportivas, academia de ginástica, lojas, biblioteca e restaurante com cozinha internacional darão um ar mais urbano ao lugar. As obras começarão em maio, no período de estiagem, e serão concluídas no segundo semestre de 2005. O empreendimento ficará no município de Novo Airão, às margens do Rio Negro, numa área de 35 mil quilômetros quadrados, a 180 quilômetros a noroeste de Manaus (ou a três horas de lancha da capital). ?Não vamos entrar com dinheiro. Entramos com a
marca e a administração do hotel?, diz Tom Potter, diretor da
rede para a América do Sul.

A idéia de fincar a sua bandeira na floresta não surgiu por acaso. Foi uma conjunção favorável de fatores. O Hilton queria aumentar sua atuação no País e os investidores brasileiros tinham uma boa proposta para apresentar. ?A cadeia é muito apagada no Brasil, mas é um nome muito forte no mundo?, diz Paulo Meira, sócio da CMMC e da MBC, as duas empresas que vão bancar a construção. ?Todos os grandes grupos querem estar na floresta?, diz Meira, que também negociou com outras redes como as americanas Marriott, Sonesta e Radisson e a mexicana Posadas. De uma hora para outra, o mundo acordou para o imenso potencial turístico da região. Os espanhóis da IberoStar têm planos de construir um resort ali e prometem zarpar o primeiro navio de luxo para cruzeiros nas águas da Amazônia até o final deste ano. Em novembro, um grupo holandês dono de uma das maiores operadoras de turismo da Europa lançará o Tiwa, um ecoresort às margens do Rio Negro com 64 chalés. ?O grande problema de fazer um hotel de luxo na Amazônia é a falta de mão-de-obra especializada e de vôo internacionais diretos?, diz Roberto Mourão, presidente da Associação Brasileira de Ecoturismo. A chegada de grandes grupos, porém, deve resolver parte do problema. Os holandeses do Tiwa devem operar vôo fretado para Manaus ou Belém. A CVC também pretende lançar uma linha Miami/Manaus.

A conquista da selva é apenas uma parte dos planos do Hilton para o Brasil. A rede mal fechou o acordo na Amazônia e já negocia com o mesmo grupo de investidores um projeto de cerca de US$ 15 milhões para o Pantanal. Sabe-se até agora que serão 48 bangalôs, mais sofisticados e mais caros do que o da Amazônia ? em Novo Airão, a diária (tudo incluído) deve custar R$ 400. Em paralelo a tudo isso, o Hilton estuda propostas para gerenciar dois hotéis de luxo em Natal. Enquanto o projeto não vinga, os executivos da rede continuam de olho em outras oportunidades em cidades do interior e nas periferias dos grandes centros urbanos. A idéia é levar as franquias Hampton Inn e Embassy Suites, cujo perfil de hospedagem é executivo, porém econômico. Se tudo correr bem, o Brasil terá 75 franquias do gênero em cinco anos. ?Precisamos de poucos investidores, mas gente com dinheiro para bancar esse crescimento?, diz Potter. É o recomeço da sua aventura no Brasil.