01/04/2009 - 7:00
HÁ MAIS DE UM ANO A palavra hipoteca vem sendo replicada incansavelmente e se atribui a ela parte da culpa pela crise imobiliária. Mas, afinal, o que é uma hipoteca? É possível obter esse tipo de financiamento no Brasil? Hipoteca nada mais é do que uma garantia imobiliária para a concessão de um crédito. Nos EUA, essa garantia era um mecanismo utilizado em tamanha escala que chegou ao descontrole assistido hoje. Já no País, pedir um empréstimo e dar um imóvel como garantia não é habitual. Alguns produtos, no entanto, estão surgindo e mudando esse panorama. “Os instrumentos de garantia no Brasil são muito mais seguros do que as hipotecas americanas, mas precisam ser mais diversificados”, afirma Vitor Bidetti, diretor da Brazilian Mortgages. A empresa foi a primeira a criar, em 2007, o empréstimo com garantia imobiliária no País, o Crédito Fácil. Com ele, o cliente pode dar parte de seu imóvel como garantia de um empréstimo e receber o valor do crédito em dinheiro. “É como vender uma porcentagem do seu imóvel”, diz Bidetti.
A vantagem de tal negócio? Com uma garantia sólida, o risco de concessão de crédito diminui e, consequentemente, as taxas de juro também. “É um instrumento eficiente, com melhores mecanismos de cobrança. E com uma garantia que não poderia ser mais estável, um imóvel”, afirma. Na Brazilian Mortgages é possível obter um crédito de até 50% do valor do imóvel e o valor máximo concedido é de R$ 300 mil. É possível escolher se a taxa de juros será fixa ou corrigida pelo IGP-M, e o prazo máximo de pagamento é de 30 anos. Na empresa, a taxa fixa é de 17% ao ano, enquanto a corrigida pelo indexador é de 12,36% – não muito superior à cobrada pela Caixa no crédito habitacional. A diferença é que esse tipo de financiamento pode ser usado para qualquer fim, desde a reforma da casa, compra de um carro até o estudo dos filhos.
Em 2008, o Santander começou a comercializar um produto semelhante, o Crédito Mais Conquista. O cliente pode contratar 60% do valor de seu imóvel, desde que a quantia não ultrapasse R$ 500 mil. Já o Bradesco lançou o Dinheiro na Mão, com as mesmas características, mas oferecendo financiamento de até 70% do valor do imóvel. Os recursos para essa forma de financiamento, diferentemente do crédito imobiliário, não vêm da caderneta de poupança, e sim da tesouraria dos bancos. Para José Manoel Alvarez Lopez, superintendente de crédito imobiliário do Santander, há muito espaço para o produto no Brasil e o País poderá alcançar no futuro níveis de aceitação como os da Espanha. “Esse mercado precisa ser desenvolvido. As pessoas estão acostumadas com o crédito pessoal, mas, para alguns casos, esse tipo de crédito é muito mais interessante e barato”, diz.